19 jan, 2012 • Domingos Pinto
Ainda não foram libertados os dois padres católicos raptados esta semana no Sudão, desta vez na diocese de Santa Bakita, a 60 quilómetros da capital Cartum. O padre comboniano José Vieira considera que “parece que o que está por detrás do sequestro dos dois padres é precisamente um acto de banditismo, que pode ter relações com o financiamento desta guerrilha contra o Governo do Sudão do Sul.”
As razões do rapto podem ser políticas, mas também de cariz religioso. “O Governo de Cartum, por um lado, está a tentar controlar a acção pastoral das igrejas cristãs no Norte, por outro, há um grupo de sulistas descontentes com o rumo que as coisas estão a tomar e estão a preparar uma espécie de exército de libertação e pretendem marginalizar os do actual movimento político do Sudão do Sul”, diz o padre José Vieira.
Os raptores, que a polícia suspeita serem milicianos do Sudão do Sul, tinham prometido a libertação dos sacerdotes para o final da tarde de ontem, mas ao meio-dia de hoje ainda prosseguiam as negociações, que estão a ser mediadas pelo Bispo Auxiliar de Cartum.
Em cima da mesa está para já o valor do resgate exigido pelos raptores, como diz o padre José Vieira, missionário comboniano no Sudão. “Um grupo de pessoas que ainda não foi totalmente identificado, que estavam armadas, entrou dentro da casa da residência paroquial e levou dois padres e também os dois carros da missão”, descreve.
“Os raptores prometiam libertar ontem os dois padres, mas até ao meio-dia de hoje a mensagem que tenho é que a igreja conseguiu localizá-los. Os padres, aparentemente, estão bem de saúde”. “Neste momento estão a negociar o montante que os atacantes estão a pedir”, conta.
Ainda não se sabe quando serão libertados estes dois sacerdotes católicos no Sudão, onde voltaram esta semana a registar-se novos confrontos entre etnias e comunidades tribais.