Primavera Árabe
Islamistas são os grandes vencedores das eleições no Egipto
05 dez, 2011
Ao contrário de algumas previsões, grande luta não está a ser entre liberais e partidos islâmicos, mas entre diferentes ramos de islamistas.
Finda a primeira volta das eleições no Egipto torna-se claro que os grandes vencedores são os partidos islâmicos, com os movimentos liberais a serem relegados para um plano secundário.
Em primeiro lugar está, como era previsto, a Irmandade Muçulmana. Mas em segundo lugar, e de forma surpreendente para muitos, está o al-Nour, um partido salafita, que advoga uma interpretação mais rigorosa dos preceitos islâmicos.
O al-Nour chegou a fazer parte da coligação chefiada pela Irmandade Muçulmana, mas antes das eleições decorreu a separação. Com as eleições os salafitas conseguiram mesmo destronar o principal partido liberal, o Bloco Egípcio, e conseguir o segundo lugar.
O resultado é alarmante para os liberais, sobretudo os cristãos, 95% dos quais terão votado no Bloco Egípcio.
Declarações dos responsáveis, quer da Irmandade, quer do al-Nour, mostram divisões significativas entre os partidos. Em entrevista à Reuters Emad Abdel Ghaffour, líder dos salafitas, não põe de parte a obtenção de um consenso, mas afirma que “detestamos ser seguidores”.
Os salafitas procuram seguir estritamente o exemplo dos primeiros discípulos de Maomé. O grupo advoga banir os juros bancários, a venda de álcool, a utilização de bikinis e a proibição de mulheres e de não-muçulmanos de altos cargos públicos.
Já a Irmandade Muçulmana tem uma visão mais pragmática e moderada da realidade.
Estas eleições, que decorrem em várias voltas, levarão à formação de um parlamento que, por sua vez, elegerá uma assembleia constituinte para redigir uma nova constituição.