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Dia dos Bens Culturais da Igreja

Mosteiro de Salzedas e Igreja de Campolide – o bom e o mau exemplo

18 out, 2011 • Ângela Roque e Liliana Carona

Um mosteiro restaurado pelo Governo e uma Igreja onde se assiste à missa de capacete. Duas faces da colaboração entra Igreja e o Estado para a preservação do património.

Mosteiro de Salzedas e Igreja de Campolide – o bom e o mau exemplo
No primeiro Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, que hoje se assinala, a Renascença foi à procura de exemplos distintos de colaboração entra Igreja e o Estado para a preservação do património religioso.

Visitámos o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, no concelho de Tarouca, distrito de Viseu, que está a ser alvo de um programa de recuperação por parte do Estado, com a duração de 20 anos e cuja recuperação vai a meio, e também a Igreja de Campolide, que é usada para o culto, mas pertence ao ministério das Finanças e está em avançado estado de degradação.

O mosteiro de Salzedas é tão importante que se diz, nesta região do Douro, que “Salzedas é uma terra criada à sombra de um mosteiro”.

Em Salzedas, a meio de um longo plano de recuperação, tudo é levado ao pormenor para que todos os que aqui entrem saibam como era a vida de um monge.

A recuperação abrange também o espólio do mosteiro e só foi possível graças ao apoio do Estado, como explica o Padre António Teixeira: “Em 2002, a paróquia e a diocese de Lamego celebraram um contrato com o Estado português, no sentido de não se deixar degradar até ao limite o espaço”.

A degradar-se desde 1910
Era só isso que queriam os paroquianos de Campolide, confiscada à Igreja em 1910.

Aqui há andaimes a segurar algumas paredes e tectos, onde enormes buracos deixam ver as telhas, e o estuque continua a cair. Há madeira apodrecida no chão e nos vãos das portas.

Recuperar a cobertura e os vãos do edifício, reparar tectos e pavimentos e mexer no sistema eléctrico custaria mais de 636 mil euros, um valor incomportável para a paróquia, que mantém activa uma campanha de angariação de fundos.

Como se não bastasse, recorrer ao mecenato não é uma possibilidade, como explica João Luís Fontes, um leigo que colabora com a paróquia: “Quem passa recibos aos mecenas? Não o podemos fazer porque não somos proprietários do imóvel, é o Governo.”

A mudança de governo, e o contexto de crise, têm adiado o contacto com os novos responsáveis da cultura e finanças, mas a paróquia de Campolide quer saber se o novo Executivo vai, ou não, seguir a recomendação do Provedor de Justiça para que o Estado restitua gratuitamente ao Patriarcado de Lisboa a Igreja que confiscou em 1910.

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