Irão
Ramos Horta e Desmond Tutu apelam à libertação de Baha’ís
06 out, 2011
Perseguição aos Baha’í recorda inquisição, afirmam prémios Nobel da Paz em carta aberta.
Dois vencedores do prémio Nobel da Paz, José Ramos Horta e o Arcebispo Desmond Tutu, assinaram uma carta aberta a acusar o Irão de perseguir professores da religião Bahá’í.
Cerca de 30 professores ligados ao Instituto de Ensino Superior Bahá’í (BIHE) foram detidos em Maio deste ano pelas autoridades iranianas. Sete estão agora prestes a responder em tribunal.
O Irão é uma teocracia Xiíta e a religião Bahá’í, uma variante do Islão, não é reconhecida pelo Estado, sendo os seus crentes perseguidos.
Na sua carta aberta os dois prémios Nobel inserem as suas críticas ao regime iraniano no contexto mais alargado da defesa da liberdade de educação: “O progresso da humanidade nos últimos séculos tem sido alimentado, mais do que qualquer outro factor, aumentando o acesso à informação, acelerando a troca de ideias, e na maior parte do mundo, através da educação universal”, declaram os autores.
“Por esse motivo, é particularmente chocante quando déspotas e ditadores do século XXI tentam subjugar as suas próprias populações, negando-lhe o acesso à educação ou à informação. Não só é inútil a longo prazo, mas também faz com que eles pareçam ter medo da época em que vivem, e assombrados por novos pensadores no meio deles. O exemplo, talvez mais gritante, desse medo é hoje a negação do ensino superior aos membros da Fé
Bahá'í no Irão - uma religião pacífica, sem agenda política, que reconhece a unidade de todas as religiões”, pode ler-se ainda.
A situação dos acusados é piorada pelo facto do seu advogado ter sido recentemente preso também, como afirma a representante da religião junto das Nações Unidas: “O advogado que se preparava para os defender está agora, ele próprio, na prisão; ontem, dois dos detidos terão tido audiências no tribunal; hoje, outros dois devem ter audiências; e amanhã, será a vez
de outros dois; um outro terá sido levado a tribunal na semana passada”, disse Bani Dugal, acrescentando que "tudo indicia que não podemos esperar um julgamento justo”.
Este é o segundo caso de perseguição religiosa a sair do Irão este mês. Na semana passada um pastor protestante iraniano viu confirmada a sua condenação à morte por apostasia, o que também levou a uma forte condenação do regime xiíta de Teerão.