Padres do Douro apelam ao Governo pelos viticultores
06 out, 2011 • Domingos Pinto
Cáritas de Vila Real também já se colocou ao lado dos pequenos lavradores, cujo modo de vida está ameaçado.
Os padres da região do Douro querem que o Governo acabe com aquilo a que chamam "monopólio de interesses". Em causa, está sobrevivência de, pelo menos, 40 mil pequenos produtores de vinho.
Segundo os sacerdotes a questão é insustentável, os pequenos produtores que toda a vida viveram da vinha não vendem. “A venda das uvas que se colhem em cada vindima, não chegam para pagar a colheita dessa própria vindima, essas vinhas ficam de monte. Ao lado vemos montes a serem transformados em vinha. Para uns a vinha não dá, para outros dá. É o açambarcamento. Há os monopólios na região que estão a absorver toda a comercialização do vinho, afectando a própria produção, também”, confirma o padre Luís Monteiro, pároco do Peso da Régua.
Os sacerdotes defendem ser necessário um árbitro para salvar a região: “Falta um árbitro. Pedimos ao Governo que reúna as instituições que já existem na região e que tenham à frente de si os 40 mil pequenos lavradores que vivem exclusivamente do vinho e que vejam onde está a falha, o que é que se passa aqui?”
A Igreja acaba por acompanhar de perto a vida destas pessoas que, angustiadas, procuram trabalho noutros locais: “Vivem angustiados, com vergonha de terem de voltar as costas à vinha e terem de procurar outros trabalhos e com a angústia de não terem com que viver. E nós vivemos com eles, ouvimo-los e sentimos”, explica o padre Luís Monteiro.
A Cáritas de Vila Real, entretanto, também já tomou posição a favor deste apelo em defesa dos pequenos lavradores do Douro.