Tiago Alberto, 29 anos, está há sete na Ordem de Santo Agostinho. Natural de Tomar, foi ainda em criança para Lisboa. Nunca pensou ser padre diocesano e foi o exemplo dos frades da paróquia onde cresceu, em Santa Iria de Azóia, que acabou por influenciar a sua opção vocacional.
"Eu sempre bebi da hospitalidade agostiniana. Descobri neles essa espiritualidade de viver a vida cristã em comunidade, partilhar as coisas, procurar Deus a partir da comunidade", afirma.
Tiago entrou na Ordem de Santo Agostinho em 2008 e fez o noviciado e os estudos em filosofia e teologia em Espanha. Em Portugal "não há casas de formação", justifica.
"[Esse tempo] Serve para discernir se realmente queremos ordenar-nos mais tarde, ou simplesmente ficar como frades, ter só os votos solenes perpétuos. Claro que um frade não pode celebrar uma eucaristia, não pode administrar os sacramentos. No entanto, a vida comunitária é igual."
Decidiu ser sacerdote, precisamente no Ano da Vida Consagrada. Tiago diz que tal tem um significado especial: acaba por "dar mais beleza e sentido" à sua opção de vida.
Admite que ser o segundo padre agostinho português desde a expulsão das ordens religiosas, em 1834, também lhe aumenta a responsabilidade: "A minha e a da Ordem. Afinal, nós queremos mais agostinhos, não é?".
É preciso mostrar que optar pela vida consagrada "não é um caminho impossível, nem complicado", sublinha. "Quero que as pessoas vejam que não são coisas impossíveis. É muito mais simples e normal do que se possa às vezes imaginar. E agora também me toca a mim, também é responsabilidade minha conseguir levar às outras pessoas esse mesmo amor, essa maneira de viver que encontrei nos agostinhos."
"Espero conseguir despertar noutros jovens o interesse de procurarem a Deus e de encontrarem a Deus nas coisas simples, nas pessoas que têm à sua volta. É um grande desafio, tanto para os jovens como também para nós, padres e futuros padres, da Ordem de Santo Agostinho e da Igreja em geral."
A Ordem de Santo Agostinho foi restabelecida há 42 anos, mas nas duas comunidades que há em Portugal – em S. Domingos de Rana (Cascais) e Santa Iria de Azóia (Loures) – vivem apenas sete padres que desenvolvem a sua missão pastoral no âmbito paroquial. Seis deles são espanhóis. O primeiro padre português foi ordenado há cinco anos e neste momento há mais dois jovens portugueses em formação.
Tiago vai ser ordenado sacerdote este sábado, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Portela da Azóia. A cerimónia será presidida pelo bispo auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás.
A entrevista foi transmitida no
"Princípio e Fim" da Renascença no domingo, 5 de Julho.