Estado Islâmico crucifica crianças por não jejuarem no Ramadão
24 jun, 2015 • Filipe d’Avillez
A revelação surge na sequência de mais um vídeo de propaganda que mostra técnicas novas e grotescas de execução de alegados “espiões” no Iraque.
O autoproclamado Estado Islâmico crucificou recentemente dois jovens, aparentemente menores de idade, por terem sido encontrados a comer durante o dia, no mês do Ramadão.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que funciona a partir de Londres mas monitoriza a situação na Síria através de uma rede de contactos no terreno, o incidente teve lugar na cidade de Mayadin, na passada segunda-feira.
Como é seu hábito nestes casos, o Estado Islâmico não crucifica as suas vítimas vivas, mas mata-as primeiro e depois pendura os cadáveres com um letreiro a indicar o motivo da execução, como exemplo para os residentes locais. Neste caso, o letreiro indica que os jovens tinham violado o jejum do Ramadão "sem qualquer justificação religiosa".
As normas tradicionais islâmicas indicam que todos os adultos saudáveis deviam jejuar desde o nascer ao pôr-do-sol durante o mês de Ramadão. Estão isentos desta obrigação os doentes, as crianças, os idosos e as grávidas, bem como pessoas que estejam em viagem, por exemplo.
Execuções cada vez mais grotescas
Esta não é a primeira vez que o Estado Islâmico executa publicamente crianças. O grupo, que ao longo deste último ano já divulgou vários vídeos que comprovam os seus crimes, tem vindo a inventar novas formas, cada vez mais rebuscadas e grotescas, de matar os seus inimigos e alegados "criminosos" que captura.
Desde o lançamento de homossexuais do topo de edifícios ao piloto jordano que foi queimado vivo numa jaula em Fevereiro de 2015, a lista de crimes dos fundamentalistas é extensa. Mas vídeos divulgados nas redes sociais esta semana mostram técnicas ainda não vistas.
No primeiro vídeo quatro alegados espiões são fechados dentro de um carro. De seguida um militante dispara um rocket, incendiando o veículo. No segundo registo outros quatro homens são colocados dentro de uma jaula que depois é içada por um guindaste e depositada dentro de uma piscina até as vítimas morrerem afogadas. A jaula está equipada com câmaras que registam a morte dos homens debaixo de água.
Por fim, o último grupo de oito “espiões” é colocado num descampado, ligados uns aos outros com cabo explosivo atado à volta dos pescoços. O cabo é activado e os prisioneiros morrem decapitados.
Este tipo de vídeos servem sobretudo como instrumento de propaganda para o grupo, mostrando simultaneamente que é o mais feroz na "jihad islâmica" e também assustando os potenciais inimigos.
Um califado às portas de Putin
No terreno, a situação para o Estado Islâmico continua a evoluir de forma mista. Na Síria as forças curdas que têm combatido o grupo conseguiram fazer alguns avanços, mas no Iraque, na região de Anbar, várias tribos sunitas têm jurado lealdade ao autoproclamado califado islâmico.
As juras de lealdade chegam também de fora do Médio Oriente, um dos principais grupos de militantes islâmicos da região do Cáucaso declarou a sua lealdade ao califado do Estado Islâmico.
O autodenominado "Emirado do Cáucaso", que alega ter cerca de 15 mil militantes e actua na região da Chechénia, combatendo sobretudo o regime russo, fez a sua declaração na segunda-feira. Esta foi aceite, como se esperava, pelo porta-voz do Estado Islâmico que aproveitou o seu discurso para incentivar os muçulmanos de todo o mundo a combater os "infiéis" e, neste mês do Ramadão, se "exporem ao martírio".