Mundo vive uma “espécie de terceira guerra mundial, aos pedaços”
06 jun, 2015 • Aura Miguel, enviada da Renascença a Sarajevo
Francisco sublinha o facto de se sentir um “clima de guerra” no mundo actual, critica quem com ela lucra e recorda que os conflitos traduzem-se em vidas destroçadas.
Na homilia da missa campal celebrada em território bósnio, este sábado, Francisco insistiu no tema da paz sem esconder o passado de violência e conflito do território em que se encontra. O Papa sublinhou o facto de se sentir um “clima de guerra” no mundo actual, criticou quem com ela lucra e recordou que os conflitos se traduzem em vidas destroçadas.
“É uma espécie de terceira guerra mundial travada ‘aos pedaços’”, diz o Papa.
Na homilia da missa campal celebrada em território bósnio, este sábado de manhã, Francisco insistiu no tema da paz, sem esconder o passado de violência e conflito do território em que se encontra.
A memória do que se passou na ex-Jugoslávia deve alertar o mundo actual para o perigo do “clima de guerra” que se sente no mundo hoje.
Mais uma vez, Francisco não poupou criticas aos que lucram com as guerras: “Há quem queira deliberadamente criar e fomentar este clima, de modo particular aqueles que procuram o conflito entre culturas e civilizações diferentes e também quantos, para vender armas, especulam sobre as guerras.”
Mas se para uns a guerra é lucro, para a maioria é apenas sofrimento, diz Francisco. “A guerra significa crianças, mulheres e idosos nos campos de refugiados; significa deslocamentos forçados; significa casas, estradas, fábricas destruídas; significa sobretudo tantas vidas destroçadas.”
“Bem o sabeis vós”, referiu Francisco aos milhares que encheram o estádio onde se celebrou a missa, e que viveram na pele a guerra dos anos 90 que opôs bósnios, sérvios e croatas, “que experimentastes isto mesmo precisamente aqui: quanto sofrimento, quanta destruição, quanta tribulação!”
“Hoje, amados irmãos e irmãs, desta cidade ergue-se mais uma vez o grito do povo de Deus e de todos os homens e mulheres de boa vontade: Nunca mais a guerra!”, insistiu Francisco, ao som de aplausos dos presentes.
O Papa pediu a todos os presentes que sejam “artesãos da paz”, alertando, todavia, para o perigo de se pensar que o conseguem fazer sozinhos, sem a ajuda de Deus: “cairíamos num moralismo ilusório. A paz é dom de Deus, não em sentido mágico, mas porque Ele, com o seu Espírito, pode imprimir estas atitudes nos nossos corações e na nossa carne, e fazer de nós verdadeiros instrumentos da sua paz.”