Papa diz a sete mil crianças: "Há muitas pessoas poderosas que não desejam a paz"
11 mai, 2015 • Filipe d’Avillez
Francisco deixou as crianças fazerem-lhe as perguntas que quisessem e no final disse que todos, incluindo ele, deviam sair do encontro mudados para melhor.
O Papa Francisco encontrou-se esta segunda-feira com sete mil crianças da organização "Fábrica da Paz", deixando que elas fizessem as perguntas que entendessem e respondendo a tudo. Embora o encontro fosse com crianças pequenas, os temas abordados foram por vezes muito sérios.
O Papa Francisco encontrou-se esta segunda-feira com sete mil crianças da organização "Fábrica da Paz", deixando que elas fizessem as perguntas que entendessem e respondendo abertamente a tudo.
Embora o encontro fosse com crianças pequenas, os temas abordados foram por vezes muito sérios. Questionado sobre a guerra, Francisco respondeu sem cerimónias: "Porque tantos poderosos não querem a Paz? Porque vivem da guerra! Da indústria das armas! Isto é grave. Alguns poderosos ganham com o fabrico de armas, e vendem-nas a este pais que está contra aquele e depois àquele que está contra este. É a indústria da morte! E ganham com isso."
"Sabem, a ganância faz-nos muito mal, a vontade de querer sempre mais e mais dinheiro. É por isto que tanta gente não quer a paz. Ganha-se mais com a guerra. Ganha-se dinheiro e perdem-se vidas, perde-se a cultura, perde-se a educação, perdem-se tantas coisas", disse.
Em resposta a outra questão, falou do sofrimento das crianças e dos inocentes em geral. O Papa admitiu que não tinha resposta para esse mistério, mas que a sociedade pode fazer muito para diminuir este sofrimento.
As crianças quiseram saber se Francisco se dava bem com os seus irmãos e ele disse que o importante não é saber se os irmãos discutem muito, mas que sempre se reconciliem no final.
Pelo menos uma criança, em vez de fazer uma pergunta, informou o Papa que em breve tencionava ir visitar o santuário de Lourdes e perguntou se Francisco não gostaria de ser o maquinista do comboio para garantir que todos chegavam lá bem.
A "Fábrica da Paz" é uma organização não-governamental e interdisciplinar que promove a integração e uma compreensão multi-étnica e intercultural através da educação, começando logo nos primeiros anos de escola.
No final do encontro o Papa apelou à mudança de vida. "Sempre que fazemos alguma coisa em conjunto, algo bom, algo belo, toda a gente muda – todos mudamos de alguma maneira – e isso faz-nos bem. Hoje todos nós devemos sair deste encontro diferentes de alguma pequena maneira", referiu.