Fundador de Taizé nasceu há 100 anos."Para tudo na vida ele pediu poesia"
11 mai, 2015 • Ecclesia
Comunidade ecuménica de Taizé assinala centenário do nascimento do seu fundador com actividades em vários pontos do país.
A Comunidade Ecuménica de Taizé (França) celebra esta terça-feira o centenário do nascimento do seu fundador, o irmão Roger.
"A presença física era muito forte, irradiava santidade. Depois, à medida que o fui conhecendo, melhor confirmei isso já não de uma forma tão infantil. Era de uma simplicidade e ao mesmo tempo visão impressionantes", explica Jaime Bacharel à Agência Ecclesia.
O irmão do único monge português que faz parte da comunidade ecuménica francesa recorda a primeira vez que se aproximou do irmão Roger, com uma "velhice frágil", mas umas "mãos grandes e fortes" que abençoavam.
Desde que participou no Encontro Europeu em Praga, na República Checa, em 1990, foi lendo as cartas do monge suíço, que fundou a comunidade há 75 anos. Sentia que eram "sempre mais ou menos a mesma coisa". Agora, destaca o "aspecto da confiança".
"Uma mensagem muito positiva, de acolhimento e pela positiva conseguia-se mais do que pelas proibições", comenta Jaime Bacharel, que revela fazer o mesmo com as filhas.
Um relógio sem poesia
A comunidade recebe os familiares dos monges convidando-os para as refeições, o que permitiu ao professor de música ouvir o irmão Roger e testemunhar o "carinho" que a comunidade lhe dedicava, "como se trata uma mãe ou um pai".
"Lembro-me de coisas deliciosas", assinalou o também cantor no Coro Gulbenkian que recordou um almoço em que o irmão Roger disse que "faltava poesia ao relógio" que estava pendurado na parede à sua frente.
"Os monges enquadraram o relógio em madeira com floreados de um bom gosto indescritível. Eles perceberam perfeitamente o que o irmão queria dizer", diz. Este gesto manifesta ainda a "mportância do cuidado com a beleza", afirma.
"Para tudo na vida ele pediu poesia e o que se sente em Taizé é que tudo tem poesia. O belo como encontro para Deus", observou o irmão do monge David.
Doações, orações e um colóquio
A Diocese de Lisboa vai celebrar o centenário do nascimento do irmão Roger com uma Vigília de Encontro e Oração esta terça-feira, às 21h15, no Convento de São Domingos de Benfica.
"Os participantes são convidados a trazer bens alimentares não perecíveis, roupa ou donativos que serão recolhidos pela Cáritas Lisboa", explica o Patriarcado no seu "site".
A Diocese de Aveiro, na habitual oração mensal "ao jeito de Taizé", também vai recordar o irmão Roger, com uma oração solidária, esta sexta-feira, dia 15 de Maio, às 21h30, na Igreja de São Gonçalinho (junto à Praça do Peixe).
O Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Aveiro propõe a partilha de "artigos de higiene pessoal ou roupa interior de adulto", que vai reverter para o Balneário Social das Florinhas do Vouga.
Para celebrar o centenário do nascimento do irmão Roger, os dez anos do seu falecimento, e os 75 anos da fundação da comunidade ecuménica, os monges prepararam um ano especial com o encontro geral em Taizé, França, a 16 de Agosto.
A comunicada vai promover uma "semana de reflexão sobre a actualidade da vocação religiosa", de 5 a 12 de Julho de 2015, com responsáveis de congregações, comunidades e mosteiros, católicos, ortodoxos e protestantes.
De 9 a 16 de Agosto, o "Encontro por uma nova solidariedade", o "ponto culminante" das celebrações em 2015 e que reflecte um percurso de três anos.
O pensamento do irmão Roger também vai ser assinalado com um colóquio internacional, de 30 de Agosto a 6 de Setembro de 2015.