O grupo terrorista Boko Haram está em retirada e dividido, com os soldados no terreno a queixarem-se de falta de armas, munições e combustível, segundo relatos feitos à Reuters por algumas das mulheres que recentemente foram resgatadas pelas forças armadas da Nigéria.
Durante vários anos o grupo aumentou o território que ocupava, chegando a tomar capitais de distrito no Norte do país, maioritariamente muçulmano. O rapto, em Abril de 2014, de perto de 200 raparigas de uma escola no Chibok
colocou o grupo firmemente no mapa do terrorismo mundial. Nessa altura, no auge da sua força, o Boko Haram atacou também países vizinhos, motivando uma resposta concertada entre cinco países que virou finalmente a situação.
Os ataques conjuntos das forças da Nigéria, Camarões, Níger, Chade e Benim obrigaram os militantes do Boko Haram a refugiarem-se no mato, nomeadamente na grande floresta do Sambisa.
Foi de um campo nesta floresta que o exército nigeriano libertou recentemente algumas centenas de mulheres. O cenário testemunhado pelas mulheres revela um grupo dividido e com falta de bens essenciais para a guerra, como armas, munições e combustíveis.
"Certa noite em Abril, os militantes do Boko Haram puseram-se à nossa frente e disseram: 'Os nossos líderes não nos querem dar combustível, nem armas e agora os soldados estão a aproximar-se de nós no Sambisa. Vamos abandonar-vos'", refere.
Depois de algumas tentativas de as obrigar a seguir com eles, ou de as vender a outros combatentes, os terroristas fugiram do campo perante o ataque das forças do Governo. Dezoito mulheres morreram durante esse ataque, referem as sobreviventes, mas centenas foram salvas.
Outras sobreviventes dizem que até a mulher do líder do grupo que os raptou fugiu do campo e que os militantes se queixavam que tinham sido enganados para se juntarem ao Boko Haram, mostrando-se claramente desiludidos.
Estes dados podem ser um bom indicador para os governos dos países que combatem o Boko Haram e que procuram agora acabar de vez com o grupo. Contudo, segundo a Reuters, o avanço das forças governamentais até ao interior da floresta está a ser mais lenta do que o esperado, devido às minas colocadas pelo grupo.