Bispo condenado por encobrir abusos resigna à diocese do Kansas
21 abr, 2015 • Filipe d’Avillez
Robert Finn tornou-se, em 2012, o único bispo norte-americano a ser condenado num tribunal civil por não ter denunciado um padre da sua diocese em cujo computador tinha sido encontrada pornografia infantil.
A Santa Sé anunciou esta terça-feira a resignação do bispo Robert Finn, do Kansas-Missouri. É o único bispo norte-americano alguma vez condenado em ligação a um caso de abusos sexuais sobre menores.
Finn tem apenas 62 anos e por isso teria, em condições normais, mais 13 anos à frente da diocese até chegar à idade em que é obrigado a pedir a resignação.
O bispo não foi acusado de ter participado em qualquer acto de abuso de menores, mas sim de ter encoberto um caso, por ter levado vários meses a informar as autoridades de que tinha sido encontrada pornografia infantil no computador de um padre da sua diocese. A condenação civil data de 2012.
O boletim diário da Santa Sé invoca o cânone 401, que prevê a resignação de bispos por motivos de saúde ou outras causas graves, e que é normalmente usado para justificar a resignação de bispos envolvidos em escândalos de qualquer tipo.
Os três anos que Finn se manteve no seu cargo causaram estranheza a muitas pessoas, incluindo alguns dos conselheiros mais próximos de Bento XVI e do Papa Francisco em relação à prevenção e combate aos abusos sexuais. O arcebispo Sean O’Malley, por exemplo, disse publicamente que pelas regras em vigor na sua diocese de Boston, Robert Finn não poderia dar catequese, quanto mais manter-se em funções como bispo.
O caso mereceu maiores críticas porque dizia respeito a um período em que já existiam regras muito explícitas, aprovadas pela conferência episcopal americana, sobre como agir nesse tipo de situações, e que o bispo não cumpriu.
Robert Finn mantém-se como bispo, mas deixa de ser o responsável pela sua diocese, sendo substituído pelo Arcebispo Joseph Naumann, da diocese vizinha de Kansas-Estado do Kansas, que ficará como administrador apostólico até que o Papa nomeie um sucessor.