O Papa Francisco recebeu esta quinta-feira de manhã uma delegação representativa da comunidade yazidi, que tem sido perseguida pelos islamitas, no Iraque.
A delegação de cinco pessoas era chefiada por Sayid Ali Beg, príncipe hereditário da comunidade yazidi, e o líder espiritual, conhecido como“Baba Sheikh”.
A comitiva agradeceu ao Papa, descrito por um dos delegados como “o pai dos pobres”, pelo seu apoio neste
tempo de perseguição e sofrimento. Francisco foi informado sobre a situação das mulheres yazidis sequestradas e escravizadas pelo Estado Islâmico e sobre as boas relações de solidariedade existentes entre as comunidades yazidi e cristã.
O Pontífice garantiu a sua proximidade espiritual e amparo neste momento de provações, e fez votos que possam reestabelecer-se condições de justiça para uma vida livre e pacífica para os yazidis e todas as minorias que são alvo de discriminação e violência.
Existem cerca de um milhão e meio de yazidis no mundo, dos quais meio milhão está no Iraque e outros vivem na Turquia, na Geórgia, na Arménia e na diáspora, em outros países.
O Papa tem feito muitos apelos pela paz no Médio Oriente, incluindo sempre referências às outras minorias perseguidas e não só aos cristãos. Na carta de Natal escrita aos cristãos daquela região, Francisco foi claro: “Não me posso esquecer dos outros grupos religiosos e étnicos que também sofrem perseguição e as consequências destes conflitos”.
Os yazidis constituem uma comunidade étnico-religiosa curda cujos membros praticam uma antiga religião monoteísta. A maior parte dos seus membros vive ou é originária da província de Nínive, no norte do Iraque, cuja capital é Mosul, e também há comunidades na Arménia, Geórgia e Síria.
Desde o início da perseguição do autoproclamado Estado Islâmico (ISIS), a ONU estima que cerca de cinco mil yazidis foram mortos e entre cinco e sete mil vendidos como escravos.
Valas comuns Recentemente, um grupo de refugiados yazidis regressou à sua aldeia natal no norte do país e descobriu várias valas comuns. Estima-se que contenham restos mortais de pelo menos 530 pessoas desaparecidas.
A descoberta coincidiu com a publicação de um novo relatório da organização de defesa de direitos humanos
Amnistia Internacional que destaca os níveis elevados de violência física e psicológica sofridos pelas mulheres da minoria yazidi capturadas por forças do grupo extremista Estado Islâmico.
O relatório “Escapar do inferno: tortura e escravidão sexual em cativeiro pelo Estado Islâmico no Iraque”, denuncia os abusos que sofreram e ainda sofrem muitas mulheres Yazidis ao serem vendidas ou oferecidas aos membros do Estado Islâmico, e que, entre outras coisas, são obrigadas a abandonar suas crenças religiosas e se converter ao Islão.