Lusodescendente nega ter decapitado soldado sírio
20 nov, 2014 • Filipe d’Avillez
Apesar de negar ter sido o autor da decapitação de um soldado sírio, Mickael dos Santos mostra-se desejoso de poder matar soldados americanos ou franceses.
O lusodescendente Mickael dos Santos nega ter estado envolvido nas decapitações de soldados sírios, divulgadas no fim-de-semana passado.
O membro do Estado Islâmico, que adoptou o nome Abu Outhman quando se converteu ao Islão, fez o anúncio na sua conta do Twitter: "Anuncio claramente que não sou eu que apareço no vídeo".
Esta afirmação do jihadista surge na sequência de várias entidades, desde serviços de informação em França e Reino Unido a meios de comunicação, terem identificado Outhman num vídeo, divulgado pelo Estado Islâmico, que mostra a decapitação de um refém norte-americano, Peter Kessig, e dezenas de outros homens, identificados como pilotos da Força Aérea síria.
Outhman seria, alegadamente, um dos homens que aparece de cara descoberta, logo à direita do jihadista principal, que decapita o americano.
Mas numa nova conta Twitter, criada logo depois de ter sido suspensa a sua conta anterior, Dos Santos diz que não foi ele e afirma até que o caso se tornou uma anedota entre os membros do grupo. "A França, os média e os serviços de informação fazem rir. São todos uns palhaços", diz Outhman noutra mensagem.
"O pior é que a minha família bem lhes disse que não era eu, eles reconheceram logo que não era eu. Os meus irmãos estão fartos de rir, mas os serviços de informação, os média franceses precisam sempre de mentir para alimentar o burburinho", afirma ainda.
Apesar de afirmar não ter tido parte naquele massacre em particular, o jihadista não mostra ter qualquer problema com as decapitações ou os assassinatos, pois deixa imediatamente uma ameaça: "Mas saibam que estou pronto para os próximos episódios, se Deus quiser, e os meus irmãos do Estado Islâmico também. Mas é sobretudo a cabeça de um soldado francês ou americano que me interessa. O seu sangue é muito mais delicioso de provar, por causa de todo o sangue de muçulmanos que derramaram. Americanos e franceses, saibam que nós, soldados do Estado Islâmico, esperamos por vós no solo", diz, referindo-se ao facto de até ao momento nem franceses, nem americanos terem enviado soldados para o terreno, ficando-se por ataques aéreos aos membros do Estado Islâmico.
Existem cerca de uma dezena de portugueses ou lusodescendentes a combater nas fileiras do Estado Islâmico. Há cerca de duas semanas um terá sido morto num ataque aéreo, mas entretanto pelo menos mais um português ou lusodescendente, que se identifica com Abdul Jalil Vieira, anunciou ter chegado à Síria para se juntar ao grupo islamita.