Mais de cem líderes cristãos da Terra Santa assinaram um documento em que pedem aos Estados europeus que reconheçam oficialmente o Estado da Palestina.
Os líderes, incluindo o Patriarca latino emérito de Jerusalém, Michael Sabbah, e o Arcebispo Atallah Hanna, do Patriarcado Greco-ortodoxo de Jerusalém, dizem que a ocupação israelita do território palestiniano é uma injustiça e um pecado.
“Perseverámos durante 66 anos de exílio e 47 anos de ocupação, fiéis à mensagem de paz de Nosso Senhor”, escrevem, mas dizendo de seguida: “Estamos cansados de pedidos para retomar as negociações enquanto não conseguimos chegar às nossas igrejas por causa de uma potência estrangeira e o nosso povo continua a ser humilhado por uma ocupação indesejada”.
O
documento de duas páginas usa termos duros para com a ocupação e diz que os cristãos “têm o dever de resistir à opressão”.
Aos líderes europeus dizem: “Não podem continuar a tratar o nosso direito à liberdade e à autodeterminação como uma prerrogativa israelita. Temos um direito natural à liberdade”.
A liberdade da Palestina é, garantem, a única forma de assegurar o são convívio entre as diferentes religiões na Terrra Santa e o fim do fundamentalismo no Médio Oriente: “Até quando é que devemos continuar a ser tratados como estrangeiros na nossa pátria? A única maneira de os palestinianos, tanto cristãos como muçulmanos, poderem gozar uma vida de prosperidade e de progresso, é pondo fim à ocupação israelita. Essa é também a única forma de assegurar uma presença continuada dos cristãos nesta que é a nossa Terra Santa, e de garantir a Israel a segurança que continua a exigir. Sem justiça não pode haver nem paz nem segurança”.
“É tempo de a Europa perceber que a única forma de derrotar o extremismo e o terrorismo na nossa região é de fazer chegar a justiça para todos, começando por pôr fim à injustiça histórica infligida contra o povo palestiniano.”
Os signatários terminam a sua carta falando do dever histórico da Europa para com os direitos do povo palestiniano, e consideram que: “Chegou a hora de o Estado da Palestina ser livre e tornar-se um membro de pleno direito das Nações Unidas”.
Contactado pela Renascença, um dos porta-vozes deste movimento explica que a lista completa dos mais de cem líderes cristãos apenas será publicada na segunda-feira, mas sublinha que os líderes são apenas palestinianos, o que explica, segundo Yusef Daher, a ausência do actual Patriarca Latino de Jerusalém, Fouad Twal, que é de origem jordana.
Existe uma significativa comunidade de cristãos palestinianos na Terra Santa, muitos dos quais vivem em Israel ou na Cisjordânia. Mas a proporção de cristãos, que já foi de cerca de 20%, tem diminuído muito nas últimas décadas, sobretudo por causa de fluxos migratórios para países ocidentais.