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Há cobardes na net, mas "que culpa têm" as redes sociais?

25 set, 2014 • Paula Costa Dias

Nas Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais, D. Pio Alves lembrou que nas redes sociais encontramos as mesmas pessoas que encontramos no dia-a-dia. As redes sociais apenas as expõem mais.

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura e Comunicações Sociais alerta para a importância das pessoas nas redes sociais, que não pode ser responsabilizadas por todos os riscos.

Na abertura das Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais, que se realizam esta quinta e sexta-feira, em Fátima, com o tema "Uma Rede de Pessoas", D. Pio Alves lembrou que nas redes sociais encontramos as mesmas pessoas que encontramos no dia-a-dia. Facebook, Twitter e derivados apenas as expõem mais.

"Quem frequenta, ainda que moderadamente, as redes, a par de conteúdos notáveis, depara-se facilmente com imagens chocantes, linguagens inapropriadas, insultos gratuitos, acusações caluniosas", começou por referir.

O bispo auxiliar do Porto diz que "quem olha para esta realidade assim sem mais, isolando-a", pensa que as redes sociais são "um covil de cobardes" e deixa uma pergunta: "mas onde é que não existem covis de cobardes?"

D. Pio Alves responde que esses "covis de cobardes apenas mudaram de sítio, para um sítio mais cómodo, mais seguro, mais rentável. Seria caso para dizer: pobres das redes. Que culpa têm?".

"Não é possível uma sociedade democrática sem jornalismo"
Nas Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais, o professor da Universidade Católica Eduardo Cintra Torres defendeu que "não é possível uma sociedade democrática sem jornalismo".

O crítico de televisão, que falava à margem de um painel sobre as consequências daquilo a que alguns chamam "jornalismo descartável", disse que o jornalismo é "talvez hoje mais importante do que antes, porque temos acesso a uma quantidade tão grande de informação e não sabemos o que é jornalismo ou não".

Eduardo Cintra Torres acrescenta que "a informação ou a falsa informação fazem as pessoas correr riscos em relação à pressão da mentira e à pressão do marketing que lhe impõem informações que não são corretas ou não são verdadeiras".

Época de ouro?
Estamos a viver a época de ouro do jornalismo e a Igreja deve aproveitar as mais-valias que as redes sociais trouxeram para melhorar a sua comunicação, sugere David Dinis, director do jornal "online" Observador.

À margem das jornadas, David Dinis disse à Renascença que, para melhorar a sua comunicação, a Igreja tem apenas de pôr em prática aquilo que sempre soube: "nunca ninguém no mundo, na história da Humanidade, percebeu tão bem o que é colocar-se no lugar do outro que não as pessoas que estão à frente da Igreja Católica."

O jornalista acrescentou que "as pessoas na Igreja Católica não perceberam inteiramente que comunicar é tão simples como isto: é estar simplesmente no lugar do outro, é perceber o que é que a pessoa do outro lado precisa de ouvir, espera ouvir e pode ouvir de maneira a se ligar mais aquilo que pode ser a mensagem da Igreja".

As Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais reúnem em Fátima cerca de uma centena de pessoas, que reflectem sobre o tema "Uma rede de pessoas".