Papa emocionado com relato de sobreviventes de perseguição religiosa
21 set, 2014 • Aura Miguel, enviada à Albânia
Francisco ouviu a história de dois religiosos albaneses que arriscaram a vida em nome de Deus.
O testemunho de uma freira e de um padre perseguidos durante o regime comunista emocionaram o Papa Francisco, que este domingo visitou a Albânia.
Num encontro com religiosos, sacerdotes e consagrados foi ouvido o testemunho de Maria Kaleta, uma religiosa de 85 anos, e do padre Ernest Simoni, de 84, que sobreviveram às perseguições religiosas.
O tio de Maria Kaleta era padre. Foi assassinado durante as perseguições e tem um processo de canonização em curso. A religiosa conseguiu sobreviver permanecendo na clandestinidade. Baptizava pessoas às escondidas e assim o fez com o filho de um líder comunista, a pedido da mulher.
O padre Ernest Simoni, de 84 anos, contou que a maioria dos colegas morreram fuzilados a gritar “viva Cristo Rei.” Também passou à clandestinidade, mas foi apanhado a celebrar missa. Foi preso, condenado e torturado. O regime albanês queria que ele dissesse mal da Igreja, mas nunca o fez.
Durante uma das sessões de tortura chegou a ser dado como morto, mas sobreviveu. Voltou a ser detido e foi condenado a 18 anos de trabalhos forçados numas minas e depois a dez anos nos canais de esgotos. Durante os anos em que esteve preso Ernest Simoni celebrou missa em latim.
Os dois testemunhos de resistência comoveram o Papa. Depois de ouvir as palavras de Ernest Simoni, Francisco enxugou as lágrimas e foi junto do padre perseguido.
O Papa deixou o discurso oficial de lado e improvisou. Disse que enquanto preparava a visita à Albânia ficou surpreendido com a história de perseguição e sofrimento no país.
“Foi uma surpresa não sabia que o vosso povo tinha sofrido tanto. Hoje ao ver todas as fotos de 40 mártires [ao longo da avenida principal] percebi que são um povo que ainda guarda a memória do mártires. E agora nesta celebração toquei em dois mártires”, disse Francisco.
O Papa perguntou como é que Maria Kaleta e Ernest Simoni sobreviveram e disse que “Deus nunca os abandonou.
Nesta visita de cerca de dez horas à Albânia, Francisco deixou ainda um alerta para as novas formas de ditadura do tempo presente que sufocam a caridade e geram conflitos e violência.