“União Europeia, ONU: Salvem os inocentes”
07 ago, 2014 • Filipe d’Avillez
O Patriarca Louis Sako, da Igreja Caldeia, dá conta da actual perseguição aos cristãos iraquianos e pede auxílio internacional, "antes que seja tarde demais”.
Dezenas de milhares de refugiados, locais de culto profanados, tesouros culturais destruídos, é este o cenário que se passa actualmente no norte do Iraque, ocupado pelos militantes do Estado Islâmico.
A descrição é do Patriarca de Bagdad, Louis Sako, que escreveu uma carta à comunidade internacional, na qual faz um apelo urgente de auxílio para os cristãos e outras populações afectadas.
“Cerca de cem mil cristãos, horrorizados e em pânico, fugiram das suas aldeias e casas sem nada mais que a roupa que tinham vestida. Um êxodo, uma verdadeira Via Sacra, cristãos, incluindo doentes, idosos, crianças e grávidas, estão a caminhar a pé no calor ardente do Verão iraquiano para se refugiarem nas cidades curdas”, lê-se.
“Enfrentam uma catástrofe humana, um verdadeiro genocídio”, sublinha Sako.
O Patriarca lamenta a incapacidade de acção do Governo Federal do Iraque e a falta de cooperação com as forças da Região Autónoma do Curdistão. O Patriarca apela explicitamente a uma intervenção internacional: “Precisamos de apoio internacional e um exército profissional e bem equipado. A situação está a ir de mal a pior”.
“Apelamos com tristeza e dor à consciência de todos e todas as pessoas de boa-vontade, às Nações Unidas e à União Europeia, para salvarem estes inocentes da morte. Esperamos que não seja tarde demais”, pode ainda ler-se na mensagem.
A carta, com data desta quinta-feira, foi divulgada em Portugal pela fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que tem estado a acompanhar a situação no Iraque, e pode ser
lida aqui.
Também esta quinta-feira o Papa Francisco
renovou o seu apelo à paz no Iraque e à intervenção da comunidade internacional.
A situação dramática no Iraque não atinge só os cristãos. Milhares de membros da
comunidade yazidi continuam encurralados no monte Sinjar, cercados de islamitas e sem alimento nem abrigo. Esta manhã um porta-voz das Nações Unidas disse que algumas pessoas foram resgatadas mas que muitas outras continuam em risco, confirmando ainda que pelo menos 40 crianças já morreram de sede.