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Uma mulher e duas crianças linchadas no Paquistão

28 jul, 2014

As três pertencem à religião Ahmadi, uma vertente do Islão considerada herética pela maioria dos muçulmanos.

Uma mulher e duas crianças foram linchadas e mortas no Paquistão em mais um caso relacionado com uma acusação de blasfémia. A mulher morta era avó das duas meninas, uma com sete anos e outra ainda bebé.

Segundo a agência Reuters, o caso começou com uma discussão entre alguns jovens. Um deles, pertencente à religião Ahmadi, foi acusado de ter colocado material blasfemo na sua conta do Facebook.

Os ahmadi consideram-se muçulmanos, mas divergem da maioria dos outros seguidores desta religião, pois acreditam que houve um novo profeta já depois de Maomé.

A maioria dos muçulmanos consideram-nos heréticos e em 1984 o Paquistão declarou oficialmente que não são islâmicos, proibindo-os de se definirem como tal, de rezarem orações islâmicas e de se referirem aos seus locais de culto como mesquitas.

Depois da discussão entre os jovens, um grupo de 150 pessoas dirigiu-se à esquadra policial para apresentar queixa de blasfémia contra o membro da religião ahmadi. Enquanto isto, contudo, outro grupo começou a atacar, pilhar e incendiar propriedades de membros da comunidade. Foi durante estes ataques que morreram as três pessoas.

As acusações de blasfémia são cada vez mais comuns no Paquistão, apesar da condenação internacional. Qualquer insulto ao Alcorão pode ser castigado com pena perpétua e ofensas a Maomé resultam em condenação à morte neste estado profundamente islâmico. Contudo, muitas das vítimas da lei acabam por ser membros de minorias religiosas.

Só em 2014 cerca de 100 pessoas já foram acusadas de blasfémia no Paquistão.