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Libertada de novo, Meriam Ibrahim refugia-se na embaixada americana

28 jun, 2014

Não se sabe ainda se a cristã sudanesa, que chegou a ser condenada à morte por alegadamente renunciar ao Islão, conseguirá abandonar o país.

Libertada de novo, Meriam Ibrahim refugia-se na embaixada americana
Meriam Ibrahim, a cristã sudanesa que chegou a estar condenada à morte por alegadamente ter renunciado ao Islão, foi libertada de novo e está refugiada na embaixada americana em Cartum, capital do Sudão.

A saga de Ibrahim continua, assim, sem se saber se vai conseguir abandonar o país, uma vez que agora enfrenta a acusação de falsificação de documentos.

A comunidade internacional ouviu falar da sudanesa pela primeira vez quando foi condenada à morte por apostasia, por um tribunal em Cartum. Filha de um pai muçulmano, que a abandonou aos seis anos, Meriam foi educada pela mãe, cristã. Ao tribunal afirmou que nunca foi muçulmana, pelo que não poderá ter cometido apostasia, que é crime no Sudão, mas o tribunal segue o princípio de que o filho de um pai islâmico é automaticamente muçulmano. O tribunal deu várias oportunidades para rejeitar o Cristianismo e abraçar novamente o Islão, mas a mulher de 27 recusou sempre.

Condenada a enforcamento, Ibrahim, que na altura estava grávida, deu à luz na prisão, beneficiando de uma prorrogação de dois anos da pena para poder dar de mamar à criança. Um mês depois da sentença, e após uma campanha internacional “sem precedentes”, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Cartum, um tribunal de instância superior anulou o veredicto inicial, deixando-a em liberdade.

No dia seguinte Meriam, os seus dois filhos e o seu marido, um sudanês do sul, cristão, com nacionalidade americana, foram detidos novamente no aeroporto, onde tentavam embarcar para os Estados Unidos. Meriam viajava com um passaporte do Sudão do Sul, obtido em virtude de ser casada com um cidadão desse país.

Foi então que o insólito aconteceu. As autoridades afirmaram que apesar de a sentença ter sido anulada, o país continuava a não reconhecer Meriam como cristã e, por isso, também não reconhecia o seu casamento com um cristão, pelo que seguia que não reconhecia o seu direito à nacionalidade sudanesa do Sul.

As autoridades americanas intervieram e conseguiram de Cartum garantias da segurança da sudanesa. Na passada quinta-feira à noite ela foi novamente libertada, apesar das acusações contra ela de falsificação de documentos e prestação de declarações falsas, e encaminhada para a embaixada americana, onde permanece a aguardar uma solução para o seu caso.