Meriam Ibrahim acusada de tentar viajar com documentos falsos
25 jun, 2014
Condenada à morte, libertada e detida novamente, resta saber se a cristã conseguirá finalmente abandonar o país que a quis enforcar.
Meriam Ibrahim, a cristã sudanesa que tinha sido condenada à morte, mas libertada na segunda-feira e novamente detida na terça-feira, quando tentava abandonar o país, é acusada de tentar viajar com documentos falsos.
Alguns órgãos de informação diziam esta quarta-feira que Meriam já tinha sido novamente libertada, mas ao que tudo indica continua retida no aeroporto, juntamente com a família, que se recusou a viajar sem ela.
Interrogadas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, as autoridades sudanesas explicaram que Meriam, o seu marido e os dois filhos tinham sido detidos “temporariamente” devido a questões sobre os seus documentos. Ao que tudo indica Meriam viajava com um passaporte do Sudão do Sul, obtido em virtude de ser casada com um cidadão desse país. O passaporte tinha um visto americano.
Contudo, o Governo de Cartum continua a não reconhecer que Meriam é cristã e, por isso, não reconhece a validade do seu casamento com um cristão negando, por isso, que tenha direito a cidadania do Sudão do Sul. As autoridades sudanesas dizem que foi essa a razão que levou à detenção "temporária". Meriam é agora acusada formalmente de utilizar documentos falsos e de prestar falsas informações.
A segunda detenção surgiu o dia depois de um tribunal ter revogado a condenação à morte por enforcamento de Meriam por, alegadamente, ter renunciado ao Islão para adoptar a religião cristã.
Ibrahim sempre manteve, contudo, que foi educada como cristã pela sua mãe, que era etíope, uma vez que o seu pai, muçulmano, a abandonou quando era criança. Mas o tribunal de primeira instância considerou que, à luz da lei islâmica que governa o país, Meriam era automaticamente muçulmana por ser filha de um muçulmano, pelo que a conversão ao Cristianismo equivale a apostasia, um crime que vale a pena de morte.
Foram dadas várias oportunidades para a mulher sudanesa voltar ao Islão, mas recusou sempre.
Na altura da sua condenação inicial Meriam estava grávida, tendo vindo a dar à Luz na prisão. Segundo a lei teria dois anos para amamentar o bebé antes da execução da pena, mas acabou por ser libertada apenas um mês depois de ter sido condenada.
Mal a condenação foi revogada o seu marido, que também tem nacionalidade americana, afirmou que a família ia para os Estados Unidos. Washington já fez saber que está a acompanhar de perto o caso e que Cartum terá assegurado a segurança de Meriam Ibrahim.
Resta saber se Meriam Ibrahim vai finalmente conseguir abandonar o Sudão, ou se as autoridades tencionam colocar mais obstáculos no seu caminho.