Francisco reafirma “grande dor” por causa de perseguições contra cristãos
20 jun, 2014 • Ecclesia
O Papa recebeu participantes de congresso internacional sobre Liberdade Religiosa.
O Papa Francisco renovou a sua condenação às perseguições religiosas que afectam os cristãos em todo o mundo, numa dimensão “talvez mais forte” do que nos primeiros séculos da Igreja.
“É para mim um motivo de grande dor constatar que os cristãos sofrem o maior número dessas discriminações (religiosas”, disse, esta sexta-feira, perante cerca de 200 participantes num congresso internacional sobre Liberdade Religiosa.
Segundo o Papa, há hoje “mais cristãos mártires” do que no tempo do Império Romano, algo que acontece 1700 anos após o Edito de Constantino, que concedia a liberdade de professar publicamente a sua religião.
Francisco afirmou que as atuais perseguições religiosas “atentam contra a paz e humilham a dignidade das pessoas”.
“Á luz da razão, confirmada e melhorada, e do progresso civil dos povos, é incompreensível e preocupante que, até hoje, no mundo, permaneçam discriminações e restrições de direitos pelo simples facto de alguém pertencer e professar publicamente uma determinada fé. É inaceitável que ainda existam verdadeiras perseguições por motivos de religião”, disse.
Nesse sentido, o Papa pediu que os ordenamentos jurídicos, governamentais ou internacionais procurem “reconhecer, garantir e proteger a liberdade religiosa, que é um direito intrinsecamente inerente à natureza humana, à sua dignidade de ser livre e também um indicador de uma democracia saudável”.
O congresso internacional “A liberdade religiosa segundo o direito internacional e o conflito global dos valores” decorre em Roma, até sábado, e conta com a presença, entre outros especialistas no tema, do relator especial das Nações Unidas para a Liberdade Religiosa, Heiner Bielefeldt.
Francisco declarou que, recentemente, o debate em volta da liberdade religiosa “se tornou muito intenso, interpelando governos e religiões”.
“Cada ser humano busca a verdade sobre a sua própria origem e o seu próprio destino. Na sua mente e no seu coração, surgem interrogações e pensamentos que não podem ser reprimidos ou sufocados, dado que emergem do mais fundo de si e são inerentes à íntima essência da pessoa”, precisou.
Nesse sentido, o Papa sublinhou que estas são questões que “dependem da liberdade religiosa para se manifestarem plenamente”.
“A razão reconhece na liberdade religiosa um direito fundamental do homem, que reflecte a sua mais alta dignidade, a de poder buscar a verdade e reconhecer nela uma condição indispensável para poder empregar todo o seu potencial”, referiu.
O discurso de Francisco realçou que a liberdade religiosa implica uma dimensão pública, criticando um “falso conceito de tolerância”, no mundo globalizado, que acaba “por perseguir aqueles que defendem a verdade sobre o homem e as suas consequências éticas”.
“Ao invés do conflito global dos valores, é possível, a partir de um núcleo de valores universalmente partilhados, uma colaboração global em vista do bem comum”, acrescentou.