Papa pede perdão por divisões entre cristãos
28 mai, 2014
Os apelos à paz “na martirizada Síria” e o encontro de oração, que se vai realizar no Vaticano com a presença de Shimon Peres e Mahmoud Abbas também, foram recordados por Francisco.
O Papa Francisco pediu perdão pelas divisões entre os cristãos, reconhecendo implicitamente que a Igreja Católica também tem alguma responsabilidade nos cismas que ocorreram ao longo dos séculos.
Depois de uma viagem de grande importância ecuménica, cujo principal motivo foi precisamente o encontro com o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla, primus inter pares da Comunhão Ortodoxa, e da assinatura de uma declaração comum em que ambos se comprometem a continuar a trabalhar no sentido da plena unidade, o Papa falou do tema na audiência geral desta quarta-feira.
“Sentimos o desejo de sanar as feridas ainda abertas e prosseguir com tenacidade o caminho para a plena comunhão. Uma vez mais, como fizeram os Papas anteriores, peço perdão por aquilo que fizemos para aumentar esta divisão, e peço ao Espírito Santo que nos ajude a sanar as feridas que fizemos aos outros irmãos”.
O principal cisma na Igreja deu-se no ano 1054, quando o Papa e o então Patriarca de Constantinopla se excomungaram mutuamente, levando à quebra entre as igrejas ortodoxas e a católica.
Antes, no século IV já se tinha dado outro cisma, que ainda persiste, com a comunhão de Igrejas Ortodoxas orientais, incluindo a Igreja Copta e a Igreja Arménia, entre outras. No século XVI houve o cisma com a Igreja Anglicana.
Nesta audiência geral, o Papa também mencionou outra vertente da sua peregrinação à Terra Santa, nomeadamente os apelos à paz na Síria e para outros conflitos no Médio Oriente. “Durante a Peregrinação, encorajei as autoridades interessadas a prosseguir os esforços para aliviar a as tensões na região do Médio Oriente, sobretudo na martirizada Síria e também a procurar uma solução equitativa no conflito israelo-palestiniano.”
O convite inédito, que captou a atenção do mundo, aos presidentes de Israel e da Autoridade Palestiniana, foi também recordado. “Convidei o presidente de Israel e o presidente da Palestina, ambos homens de paz e artesãos de paz, para virem ao Vaticano rezarem juntos comigo pela paz e peço-vos por favor: que não nos deixem sozinhos. Rezem, rezem muito para que o Senhor nos dê a paz, que nos dê a paz naquela terra abençoada”.
O convite do Papa foi aceite tanto por Shimon Peres e por Mahmoud Abbas e poder realizar-se já no início de Junho, embora a data definitiva não tenha sido anunciada.