Um ex-recluso deu testemunho, este sábado, no Congresso Ibérico da Pastoral Penitenciária, lamentando que a sociedade não olhe para aqueles que já pagaram a sua dívida como seres humanos.
Nuno Leitão esteve cinco anos preso por tráfico de droga e há dois meses está em liberdade condicional. Foi na cadeia que perdeu a mulher, de quem se separou, mas foi também lá que encontrou o apoio necessário para se livrar da droga e para se reerguer: “Tive acompanhamento com os voluntários, desabafava mais com eles do que com os psicólogos. Era importante, porque eles vão de livre vontade, a vontade deles é ajudar os reclusos, sabemos que podemos desabafar com eles.”
Da prisão diz que não foi “pêra fácil” até porque não tinha com que se ocupar. Sem rendimentos, vive agora com a irmã e luta para encontrar um emprego, o que ainda não aconteceu. E queixa-se dos olhares: “Quando somos detidos pagamos pelos erros que fizemos, mas mesmo pagando esse preço a sociedade continua a olhar para nós como reclusos e não como seres humanos”
Aprendeu a lição . Por isso vai contando a sua história: “Fazer ver a outras pessoas, que não sabem como é aquilo lá dentro. Não é fácil para ninguém. Não ganhei nada, excepto a oportunidade que me deram para fazer o tratamento para os consumos. De resto, é colaborar naquilo que puder, a respeito das cadeias, por causa do que passei, e alertar para os problemas que podem ser resolvidos”.
Nuno Leitão é um dos ex-reclusos que esta manhã dão o seu testemunho no 1º Congresso Ibérico da Pastoral Penitenciária que termina amanhã em Fátima.