Família acusa França de ter esquecido refém lusodescendente
23 abr, 2014
Gilberto Rodrigues Leal tinha sido sequestrado no Mali há cerca de um ano e meio. Na noite de terça-feira os raptores anunciaram a sua morte.
A família do refém lusodescendente Gilberto Rodrigues Leal, sequestrado no Mali, cuja morte foi anunciada por fundamentalistas islâmicos, acusa o Governo e os “media” franceses de terem esquecido o refém.
“Durante oito meses só se falou dos jornalistas na Síria, esqueceram-se dos dois reféns no Mali”, disse à agência noticiosa francesa AFP David Rodrigues Leal, irmão de Gilberto, numa referência aos jornalistas franceses libertados neste fim-de-semana, após dez meses de cativeiro na Síria.
Um outro francês, Serge Lazarevic, de 50 anos, continua refém no Mali, onde foi sequestrado em 2011.
“Tenho a impressão que se o meu irmão tivesse mais ‘valor’, e não fosse um simples reformado, talvez as coisas se tivessem passado de outra forma”, acrescentou.
Em várias ocasiões, a família de Gilberto, sequestrado em Novembro de 2012, preocupados pela ausência de provas de vida, enviaram pedidos aos principais responsáveis do Movimento para a Unidade e Jihad na África Ocidental (MUJAO), através do site mauritano “Sahara Media” e da agência noticiosa mauritana “ANI”.
Em Dezembro, a irmã Irene expressou os seus receios, devido ao “silêncio ensurdecedor” e à “ausência de qualquer notícia” desde 26 de Janeiro do ano passado, data na qual o MUJAO tinha anunciado à AFP estar pronto para negociar a libertação de Gilberto Rodrigues Leal.
“O que mais queremos é que (a situação de) Gilberto não caia no esquecimento", disse na altura Irene Rodrigues. A 20 de Novembro de 2012, o sexagenário foi raptado por homens armados perto de Kayes, no oeste do Mali, quando circulava numa autocaravana, proveniente da Mauritânia.
No dia 22, o MUJAO reivindicou o sequestro.
Actualmente, só um francês continua sequestrado no Mali.
Lazarevic foi raptado a 24 de Novembro de 2011, juntamente com Philippe Verdon, que foi encontrado morto, com uma bala na cabeça, em Julho do ano passado.
Este sequestro foi reivindicado pela Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) e a família do franco-sérvio não tem notícias desde que recebeu um vídeo, em que Lazarevic aparecia vivo, alguns meses após o rapto.