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Um samurai a caminho dos altares

06 fev, 2014

Takayama Ukon era um nobre japonês que preferiu a pobreza e o exílio à renúncia da fé cristã. O processo de beatificação já foi enviado para Roma.

Um samurai a caminho dos altares
A conferência episcopal do Japão já enviou para Roma o processo de beatificação de Takayama Ukon, um samurai japonês que morreu no exílio por se ter recusado a renunciar ao Cristianismo.

A história de Takayama é uma de resistência perante um regime que perseguia abertamente os cristãos, tanto os missionários como os nativos. Tinha apenas 12 aos quando o seu pai se converteu, tendo sido baptizado ao mesmo tempo pelos missionários jesuítas, em 1564.

A influência da família Ukon foi crucial para converter milhares de japoneses, incluindo muitos outros das classes mais nobres. Mas essas conversões assustaram as autoridades que, em 1587 ordenaram a expulsão de todos os missionários estrangeiros e começaram a pressionar os japoneses a renunciar à fé.

Muitos dos novos cristãos cederam, mas a família Ukon recusou, o que os levou a perder os seus terrenos. Treinado nas artes bélicas do Japão, Takayama recusou combater contra outros cristãos, o que o levou ao desemprego e à pobreza. Foi auxiliado por alguns amigos, que lhe deram guarida, mas nunca aceitou abdicar da fé em Cristo, nem mesmo quando se começou a executar os fiéis nativos.

Em 1614 foi finalmente decretada a expulsão de todos os cristãos e Takayama liderou uma comunidade de 300 fiéis que partiu em direcção às Filipinas, onde chegaram em Dezembro desse ano.

Mas os anos de perseguição, pobreza e finalmente a viagem de barco tinham enfraquecido Takayama de tal forma que acabou por morrer passados dois meses, em Fevereiro de 1615.

Os bispos japoneses consideram que a sua morte se deveu à perseguição e, por isso, propõem-no como mártir, o que o dispensaria o reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão.

Um samurai beato seria uma interessante adição à lista dos beatos e santos católicos, mas não inédita. Entre os muitos japoneses beatificados e canonizados como mártires pela fé incluem-se alguns guerreiros que resistiram, até à morte, à perseguição ao Cristianismo no Japão.