Um pedido ignorado, um legado preservado e um país dividido
06 fev, 2014
Foi publicada esta semana na Polónia um livro com as notas pessoais do Papa João Paulo II, contra as ordens expressas deste, que tinha pedido que fossem queimadas.
A Polónia está dividida acerca da publicação de um livro contendo as notas pessoais de João Paulo II.
As notas, que datam de Julho de 1962 até 2003, quando a saúde do Papa já o tinha deixado muito frágil, são uma fonte riquíssima de informação sobre a espiritualidade de João Paulo II, que está prestes a ser canonizado.
Mas no seu testamento o Papa tinha deixado ordens expressas para que as notas fossem todas queimadas, encarregando o seu secretário pessoal, o cardeal Dziwisz, de tratar do assunto.
O facto de o cardeal polaco ter ignorado esse desejo é visto como uma traição por parte de muitos, sobretudo na Polónia, onde o padre Tadeusz Isakowicz-Zaleski, um perito no papel da Igreja durante o regime comunista, já apelou a que não se compre a obra.
Em sua defesa o cardeal Dziwisz já recordou o caso de Pio XII, cujas cartas pessoais foram todas queimadas, para desconsolo dos historiadores da época. “Quando escreveu o seu testamento, o Santo Padre sabia que estava a confiar as suas notas a alguém que os trataria de forma responsável. Não tive dúvidas de que se tratava de documentos importantes, testemunhando a espiritualidade de um grande Papa e que seria um crime destruí-los”.