Centenas de milhares marcham em Washington pelo fim do aborto
22 jan, 2014 • Filipe d’Avillez
Papa Francisco associou-se à marcha pela vida através de um tweet de apoio, enviado esta quarta-feira.
Centenas de milhares de pessoas são aguardadas esta quarta-feira em Washington para a marcha pela vida, um evento anual que assinala o dia em que o aborto foi legalizado nos Estados Unidos, pelo Supremo Tribunal. O mau tempo obrigou vários grupos a cancelar a viagem, mas ainda assim a multidão deve ser significativa.
A marcha começa às 12h00 locais, 17h00 em Lisboa, mas muitos dos activistas que participam começaram o dia mais cedo, com missas ou encontros matinais, ou vigílias que tiveram lugar na véspera.
Numa dessas vigílias o Cardeal Sean O’Malley, secretário-geral do comité pró-vida da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, afirmou que o movimento pró-vida existe para salvar tanto os bebés como as mães que se vêem em situações de desespero.
Citando o episódio dos Evangelhos da mulher adúltera prestes a ser apedrejada, o cardeal disse: “O sentimento da mulher no Evangelho deve ser parecida com a da mulher que se encontra numa situação de gravidez indesejada. Sente-se esmagada, sozinha, com medo, confusa. Nunca devemos deixar que as mulheres encarem o movimento pró-vida como um bando de fariseus moralistas enfurecidos, com pedras nas mãos, a olhá-la com desprezo, julgando-a”.
“A única maneira de salvar aqueles bebés é salvando as mães. O movimento pró-vida tem de ser sobre salvar mães”, afirmou.
Defendendo que os opositores do aborto devem falar com a franqueza de crianças, dizendo “o aborto é mau. Não matarás”, o Cardeal salvaguardou que este tema tem muito a ver com a pobreza.
“A maioria das mulheres que sucumbe ao aborto são pobres. A pobreza é uma força desumanizadora que leva as pessoas a sentirem-se presas e a terem de tomar esta decisão terrível. O Evangelho da Vida exige que trabalhemos por um sistema económico justo no nosso país e no mundo. Numa sociedade em que os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres, o aborto surge como uma ameaça crescente”.
Os participantes na Marcha Pela Vida contaram esta quarta-feira com um apoio de peso. O Papa Francisco enviou um tweet da sua conta pessoal: “Associo-me à Marcha Pela Vida em Washington com as minhas orações. Que Deus nos ajude a respeitar toda a vida, sobretudo a dos mais vulneráveis”. O tweet do Papa foi publicado na sua conta inglesa e espanhola. Bento XVI já tinha feito o mesmo o ano passado.
Por ocasião da marcha e do 41º aniversário da decisão do Supremo Tribunal que levou à legalização do aborto, a CNN fez uma sondagem sobre a opinião dos americanos face a esta questão. Os resultados revelam que uma maioria significativa defende que o aborto devia ser totalmente proibido ou apenas permitido em certas circunstâncias.
À pergunta “em que circunstâncias o aborto devia ser legal”, 25% dos inquiridos respondem “todas” e 11% “na maioria”, somando apenas 36%.
Do outro lado, 42% dos inquiridos consideram que o aborto deve ser legal em “poucas” circunstâncias e 20% acha que em nenhuma circunstância a prática deve ser legal, somando 62%. Segundo a CNN, a margem de erro é de mais ou menos 3%.