O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e Patriarca de Lisboa comentou esta terça-feira a condenação do padre Luís Mendes, do Fundão, por abuso sexual de menores, considerando que "a lei é igual para todos". Ainda assim, D. Manuel Clemente ressalva que o processo ainda decorre nos tribunais - o arguido recorreu da sentença - e na Igreja, porque está em curso um processo eclesiástico.
"Quer seja membro da Igreja ou não, a lei é igual para todos. Todos nós, como cidadãos, temos de ser responsáveis pelos nossos actos", disse o Patriarca à agência Lusa, à margem de uma conferência na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
O Tribunal do Fundão condenou a dez anos de prisão, esta segunda-feira, o ex-vice-reitor do Seminário do Fundão, que estava acusado de 19 crimes de abuso sexual de seis menores, com idades entre os 11 e os 17. A pena foi aplicada em cúmulo jurídico e o tribunal deu como provados todos os crimes: abuso sexual de menores, abuso sexual de crianças e coacção sexual.
A defesa do sacerdote apresentou recurso, pelo que o tribunal manteve a medida de coacção em vigor durante o julgamento - prisão domiciliária.
A diocese da Guarda já disse que espera que "a verdade seja devidamente esclarecida" e fica a aguardar pelo resultado do recurso apresentado pelo ex-vice-reitor do seminário do Fundão.
Se o processo eclesiástico, que ainda decorre, também considerar que o sacerdote é culpado, este poderá ser laicizado, o que o impedirá de exercer o sacerdócio ou ocupar qualquer cargo de responsabilidade na Igreja.