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Em Damasco como em Buenos Aires, a fé sem obras é vã

29 nov, 2013 • Filipe d'Avillez

"Uma esperança sem fronteiras" reuniu personalidades da Igreja e da sociedade civil na Universidade Católica de Lisboa.

"Para falar ao vento bastam as palavras, para falar ao coração são necessárias as obras." Foi com esta citação do padre António Vieira que a reitora da Universidade Católica (UC), Maria da Glória Garcia, encerrou os trabalhos da conferência "Uma Esperança sem Fronteiras", da qual a Renascença é uma das organizadoras e que decorreu na UC de Lisboa.

O primeiro painel versou sobre o Papa Francisco, nomeadamente das vidas que salvou quando era sacerdote durante o regime militar na Argentina. O jornalista italiano Nello Scavo, autor do livro "A Lista de Bergoglio", narrou várias das histórias que investigou neste âmbito, em conversa com o vice-reitor da Universidade Católica, o padre José Tolentino Mendonça. 

Ainda durante o primeiro painel, o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, fez um apanhado histórico do diálogo que se travou na Igreja Católica sobre o conceito dos direitos humanos e que chegou ao fim no Concílio Vaticano II com a conclusão de que a liberdade religiosa não choca com o conceito de uma verdade absoluta - antes deriva dessa mesma verdade, que não se quer impor ao homem. 

Como salientou a directora de informação da Renascença, Graça Franco, na abertura da sessão quando citou a exortação apostólica do Papa "A Alegria do Evangelho", a fé "tem de ter tradução" em obras concretas perante as necessidades "de quem sofre". Algo que tanto é verdade na Argentina na década de 60 como na Síria em 2013. 

A segunda parte da conferência, organizada pela Renascença, pela Universidade Católica, pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre e pela editora Paulinas, contou com a presença de Jorge Sampaio e do arcebispo maronita de Damasco, Samir Nassar.

A conversa foi toda centrada na Síria, com o ex-Presidente da República a falar da sua plataforma de apoio aos estudantes sírios, que pretende colocar pelo menos 800 estudantes daquele país em universidades internacionais (há 100 vagas em Portugal). O arcebispo de Damasco apelou à solidariedade, tanto material como espiritual, para com o povo sírio. 

A tragédia da Síria, que está em guerra civil há mais de dois anos, foi bem evidenciada pelos oradores. Num momento que comoveu os presentes na Universidade Católica de Lisboa, o arcebispo Nassar cantou uma oração mariana pela paz, convidando a assistência a repetir o refrão.