"Para falar ao vento bastam as palavras, para falar ao coração são necessárias as obras." Foi com esta citação do padre António Vieira que a reitora da Universidade Católica (UC), Maria da Glória Garcia, encerrou os trabalhos da conferência "Uma Esperança sem Fronteiras", da qual a Renascença é uma das organizadoras e que decorreu na UC de Lisboa.
O primeiro painel versou sobre o Papa Francisco, nomeadamente das vidas que salvou quando era sacerdote durante o regime militar na Argentina. O jornalista italiano Nello Scavo, autor do livro "A Lista de Bergoglio", narrou várias das histórias que investigou neste âmbito, em conversa com o vice-reitor da Universidade Católica, o padre José Tolentino Mendonça.
Ainda durante o primeiro painel, o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, fez um apanhado histórico do diálogo que se travou na Igreja Católica sobre o conceito dos direitos humanos e que chegou ao fim no Concílio Vaticano II com a conclusão de que a liberdade religiosa não choca com o conceito de uma verdade absoluta - antes deriva dessa mesma verdade, que não se quer impor ao homem.
Como salientou a directora de informação da
Renascença, Graça Franco, na abertura da sessão quando citou a exortação apostólica do Papa "A Alegria do Evangelho", a fé "tem de ter tradução" em obras concretas perante as necessidades "de quem sofre". Algo que tanto é verdade na Argentina na década de 60 como na Síria em 2013.
A segunda parte da conferência, organizada pela
Renascença, pela Universidade Católica, pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre e pela editora Paulinas, contou com a presença de Jorge Sampaio e do arcebispo maronita de Damasco, Samir Nassar.
A conversa foi toda centrada na Síria, com o ex-Presidente da República a falar da sua
plataforma de apoio aos estudantes sírios, que pretende colocar pelo menos 800 estudantes daquele país em universidades internacionais (há 100 vagas em Portugal). O
arcebispo de Damasco apelou à solidariedade, tanto material como espiritual, para com o povo sírio.
A tragédia da Síria, que está em guerra civil há mais de dois anos, foi bem evidenciada pelos oradores. Num momento que comoveu os presentes na Universidade Católica de Lisboa, o arcebispo Nassar cantou uma oração mariana pela paz, convidando a assistência a repetir o refrão.