O Papa lamenta que haja muitos evangelizadores azedos e com cara de funeral, apesar de a alegria ser uma característica inerente aos cristãos.
Na sua primeira exortação apostólica desde que foi eleito Papa, Francisco repete várias das admoestações que tem feito à sociedade ao longo dos últimos meses e apela a uma constante necessidade de conversão, da qual também não se exclui.
Como a transmissão da fé não é compatível com esquemas enfadonhos, o Papa lança, neste documento intitulado
"A Alegria do Evangelho" (versão em português disponibilizada pela Ecclesia), uma série de pistas para a nova evangelização, a começar por ele próprio. Francisco diz que "não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva sobre todas as questões relacionadas com a Igreja e o mundo" e que é preciso descentralizar a favor dos episcopados locais.
O Papa propõe uma conversão pastoral e missionária e refere que a simples administração não basta - há que tornar as estruturas mais comunicativas e abertas, em contacto com as pessoas.
Paróquias, instituições, bispos, o próprio Papa e o Vaticano não escapam à necessidade de conversão. Francisco diz-se "aberto a sugestões" para que o seu magistério seja mais fiel a Cristo e às necessidades actuais da evangelização.
O Pontífice afirma que o anúncio da Igreja deve centrar-se no essencial, no que é mais belo e necessário, porque hoje corre o risco de a mensagem aparecer mutilada ou reduzida a um conjunto de regras morais fora do contexto.
São muitas as tentações dos agentes pastorais: mesquinhez, má-língua, falta de ousadia, pessimismo, aparência, vaidade, mundanismo espiritual. E como há muitas reclamações contra más homilias, Francisco também dedica várias páginas ao assunto, ensinando mesmo como deve ser feita uma boa pregação. Porque o pregador que não se deixe tocar por Cristo torna-se um falso profeta ou um charlatão vazio.
A exortação apostólica "A Alegria do Evangelho" surge no seguimento de um sínodo que decorreu no ano passado sobre Nova Evangelização. O texto publicado esta terça-feira
inclui ainda vários pontos de natureza mais social, em que Francisco lamenta a idolatria do dinheiro e diz que é intolerável que seja mais importante uma descida da bolsa que a morte de um idoso com frio.