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Papa quer acelerar processos de declaração de nulidade

12 nov, 2013

Monsenhor Vincenzo Paglia acredita que os divorciados não devem ser tratados todos da mesma maneira e indica que a Igreja possa ser mais misericordiosa com quem “foi abandonado”.

Papa quer acelerar processos de declaração de nulidade
O Papa Francisco está ciente de que é necessário facilitar e acelerar os processos de declaração de nulidade de casamentos.

A garantia é dada por monsenhor Vincenzo Paglia, presidente do Conselho Pontifício para a Família, em entrevista à revista portuguesa “Família Cristã”.

O arcebispo italiano afirma que “não podemos prolongar demasiado tempo estes processos, porque o problema não é anular um matrimónio já realizado, mas reconhecer que aquele casamento nunca existiu e que foi viciado logo nos inícios. Em abono da verdade, devemos despachar tais processos”. Paglia diz ainda que o Papa Francisco “partilha” desta preocupação.

A um ano do sínodo para a Família, que debaterá entre outras coisas a questão dos divorciados que vivem em segundas uniões, o presidente do Conselho Pontifício para a Família é da opinião de que nem todos os divorciados devem ser tratados da mesma forma.

Actualmente a Igreja estipula que quem se divorcia e volta a casar-se civilmente, ou viva conjugalmente com outra pessoa, se coloca numa posição em que não pode receber os sacramentos. Também alguém que se case civilmente, pela primeira vez, com uma pessoa que já tenha sido divorciada, fica na mesma situação.

Mas para Paglia há casos e casos: “Um homem ou uma mulher que sejam abandonados porque são velhos, isto não merece também uma resposta?”, pergunta, dando a entender que a Igreja poderia utilizar da misericórdia para com estes casos, admitindo as pessoas aos sacramentos.

A posição do arcebispo contraria claramente a do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que recentemente, num artigo para o jornal “L’Osservatore Romano”, foi taxativo ao reafirmar a posição tradicional da Igreja, sem quaisquer distinções, e pondo de parte a prática ortodoxa de permitir segundos casamentos por uma questão de misericórdia, algo a que o Papa aludiu no avião de regresso do Rio de Janeiro, sem porém, o recomendar.

Benfica sempre, mas noiva também
Ainda em relação ao casamento, o arcebispo italiano diz que a cultura actual não contribui para a noção de fidelidade e indissolubilidade dos matrimónios, e utiliza uma metáfora futebolistica para fazer ilustrar a sua posição: "Se os jogadores de uma equipa de futebol devem fazer treinos, sacrifícios e jejuns para vencer um campeonato, quem pode pensar que não seja do mesmo modo importante, e até muito mais, ter uma equipa não de futebol, mas uma equipa de família, com capacidade de criar para poder continuar a vencer no amor. Como é possível alguém dizer 'Benfica para sempre', mas ser incapaz de dizer à sua noiva 'para sempre'. Esta é a cultura que precisa de ser mudada, e é importante que os jovens de hoje não tenham medo, uma vez que, infelizmente, a cultura não ajuda", refere, na mesma entrevista à "Família Cristã".