Perto da bancarrota, último judeu do Afeganistão admite emigrar
12 nov, 2013
No início do século XX o país tinha vários milhares de judeus. Com a criação do Estado de Israel e a chegada da guerra ao país, actualmente apenas Zabulon Semintov resiste.
O último judeu do Afeganistão está perto da bancarrota, desiludido com a situação no país e a ponderar a emigração, depois de dezenas de anos de resistência.
Zabulon Semintov nasceu e cresceu no país, pertencente a uma comunidade judaica que se pensa existir no país há mais de 2000 anos. No edifício onde vive encontra-se o restaurante que explora e a última sinagoga, onde realiza as suas orações individuais, embora não possa celebrar qualquer liturgia oficial, para a qual seria necessário um mínimo de dez homens.
Aos longo do século XX a comunidade judaica, que chegou a ter vários milhares de membros e que gozava de alguma influência cultural e comercial, foi-se desvanecendo. A criação de Israel levou à migração em massa de muitos judeus afegãos e a chegada dos Taliban, nos anos 90, foi a gota de água.
Na altura apenas dois judeus permaneceram, Semintov e Isaak Levi. Inicialmente os dois mudaram-se para o mesmo prédio e cuidavam em conjunto da sinagoga, mas a relação azedou e, em plena época dos taliban, o ódio tornou-se tão grande que os fundamentalistas islâmicos tiveram de intervir, confiscando alguns artefactos religiosos cuja posse era disputada pelos dois. Levin morreu em 2005.
Actualmente Semintov, que se manteve no Afeganistão mesmo depois da sua mulher e filhas terem emigrado para Israel, queixa-se de falta de negócio no seu restaurante e está perto da bancarrota. A situação de segurança em Kabul deteriorou, pelo que muitos afegãos preferem não ir a restaurantes e a as encomendas para hotéis diminuíram drasticamente à medida que as forças internacionais se vão retirando do país.
Em 2011 Semintov tinha alugado vários espaços do seu prédio a comerciantes locais, mas actualmente nem isso consegue, embora esteja a pensar alugar o seu restaurante a partir de Março.
Em entrevista à Reuters, Semintov admite agora, pela primeira vez, emigrar caso a situação no Afeganistão fique pior.