Santa Casa investe um milhão no restauro da Igreja da Conceição Velha
29 out, 2013 • Ângela Roque
Padre Mário Rui explica que com o restauro vai ser inaugurado um núcleo de arte sacra, que enriquecerá uma zona já muito procurada por turistas.
Uma das jóias da época dos descobrimentos vai ser recuperada pela Misericórdia de Lisboa. A igreja da Conceição Velha, na baixa, foi a primeira sede da Santa Casa, que decidiu, também por isso, assumir a sua recuperação.
A obra vai custar mais de um milhão de euros, um investimento necessário mesmo em tempo de crise, diz o provedor Pedro Santana Lopes: “Especialmente nestas alturas de crise, quando um país não olha como deve ser para a sua cultura, e para as raízes da sua identidade, está a errar. Aqui foi onde nasceu a Santa Casa da Misericórdia.”
“Portanto não deixamos cair, quer pelo valor patrimonial mas também pelo valor histórico. No compromisso da Santa Casa estão as obras materiais e espirituais. Esta é uma obra material e espiritual, porque aqui muitas pessoas são apoiadas, muitas são ajudadas, e só de visitar este monumento e espaço religioso as pessoas sentem-se confortadas e são ajudadas. Estamos muito bem seguros da decisão que tomámos, no respeito pelas nossas obrigações”, acrescenta.
Situada numa das vias com mais trânsito na Baixa de Lisboa, a rua da Alfândega, a igreja da Conceição Velha está a precisar de obras urgentes: “Quando se chega a esta igreja e se vê aquele pórtico fantástico, manuelino, apetece entrar para ver o resto, e quando se entra apanha-se um choque com a decrepitude do seu interior”, explica o padre Mário Rui Leal Pedras, reitor da igreja.
A igreja foi gravemente danificada pelo terramoto de 1755, e depois reconstruída, mas já sem a dimensão inicial: “A igreja tinha uma outra traça, uma outra dimensão, era semelhante à dos Jerónimos, com três naves, é reconstruída com outra dimensão e outra traça, para se aproveitar o pórtico lateral, que ficou como pórtico principal, e a capela lateral que passou a ser a capela-mor.”
Nesta primeira fase, explica o padre Mário Rui, “o comprimento de hoje era a largura de então”.
Nos 250 anos do terramoto recuperou-se a capela-mor, agora este projecto de conservação e restauro vai incluir a criação de um novo pólo de arte sacra na Baixa: “Vamos criar um núcleo museológico que juntará na geografia das paróquias da Baixa-Chiado outro conjunto que já temos, por exemplo aqui a Sé Patriarcal, como São Roque, o Museu Antoniano, e passaremos a ter aqui um conjunto museológico com o tesouro desta igreja a que se juntarão algumas peças do tesouro de São Nicolau e de Santa Maria Madalena.”
Monumento nacional desde 1910, esta é uma das igrejas que atrai mais turistas à Baixa-Chiado: “Bem próximo daqui chegam os cruzeiros à cidade de Lisboa. Em Junho e Julho desceram aqui, a 100 metros de nós, 60 mil pessoas, e muitas delas passaram por aqui. Estas igrejas não são só igrejas de residentes, são igrejas de passantes e de turistas, de pessoas que trabalham aqui. Nas igrejas da Baixa Chiado temos 33 missas diárias e passam pelas nossas igrejas, nas missas, cerca de cinco mil pessoas por dia”.
As obras não vão obrigar a encerrar a Igreja ao culto, e devem estar concluídas no final do próximo ano, a tempo da inauguração a 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição.
[Notícia corrigida às 15h51 do dia 30]