Tribunal proíbe todas as actividades da Irmandade Muçulmana
23 set, 2013
Mais um revés para o movimento que até há meses dominava o país, mas que foi destituído do poder após manifestações de milhões de pessoas e uma intervenção militar.
Um tribunal egípcio proibiu todas as actividades da Irmandade Muçulmana e de qualquer organização a ela ligada. A decisão, anunciada esta segunda-feira, autoriza ainda o Governo a tomar e gerir os bens da Irmandade, incluindo as contas bancárias.
O Partido da Liberdade e Justiça, ramo político da irmandade, também passa a ser ilegal com esta decisão: “O tribunal proíbe as actividades da organização da Irmandade Muçulmana e as suas organizações não governamentais e todas as actividades em que participa e qualquer organização derivada dela”, afirmou o presidente do colectivo de juízes, Mohammed al-Sayed.
Após a queda do regime de Hosni Mubarak o Partido da Liberdade e Justiça venceu as primeiras eleições livres realizadas no país, ganhando maioria no parlamento e elegendo Mohamed Morsi para Presidente.
Apesar de várias promessas em sentido contrário, o partido tomou medidas de islamização da sociedade, por exemplo relegando os cristãos e membros de outras minorias ao estatuto de cidadãos de segunda na nova constituição que fez aprovar em 2012.
Estas medidas, juntamente com uma situação económica estagnada, levaram a protestos de rua e manifestações que reuniram milhões de pessoas nas principais cidades. Perante as recusas de Morsi de dialogar com a oposição, o Exército acabou por intervir e destituir o Presidente, que continua detido.
A Irmandade Muçulmana promoveu contra-manifestações que resultaram em vários mortos. No caos que se seguiu houve também incidentes de perseguição contra igrejas e outros edifícios cristãos. Agora, com esta decisão do tribunal egípcio, que decorre de um processo interposto pelo advogado de um partido de esquerda, é o próprio partido e todas as suas actividades que são ilegais.