Siga-nos no Whatsapp

Jornada Mundial da Juventude

Um Papa com vontade de bater a todas as portas para pedir "um cafezinho, não uma cachaça"

25 jul, 2013 • Filipe d’Avillez

Francisco experimentou o melhor da hospitalidade brasileira, teve direito a um colar especial e citou ditados locais: "Sempre se pode colocar mais água no feijão".

Um Papa com vontade de bater a todas as portas para pedir "um cafezinho, não uma cachaça"
Francisco experimentou o melhor da hospitalidade brasileira, teve direito a um colar especial e citou ditados locais: "Sempre se pode colocar mais água no feijão". Falando aos habitantes da favela da Varginha, o Papa Francisco apelou à generosidade e à solidariedade.
O Papa esteve esta quinta-feira na favela da Varginha, no Rio de Janeiro, onde foi acolhido em ambiente de grande festa pelos populares, que logo à chegada lhe colocaram um colar de flores com as cores da cidade e da Jornada Mundial da Juventude. Pouco depois, Francisco, que nunca parou de sorrir, recebeu um cachecol do San Lorenzo, o clube argentino do qual é adepto ferrenho.

Após uma curta oração na capela local, o Papa passeou cerca de 200 metros pelas ruas e acabou por entrar numa casa de uma família do bairro onde estavam reunidas mais de 20 pessoas para o receber. A visita estava prevista, embora não se conhecesse previamente qual era a casa que seria visitada. Havia várias possibilidades e as famílias e habitantes da favela estavam preparados para receber Papa, com algumas a dizer que tinham até feijoada para lhe oferecer.

Mais tarde, Francisco sublinhou a hospitalidade de que foi alvo, durante um discurso que proferiu num campo de futebol situado na favela. O Papa disse ainda que tinha vontade de bater em todas as portas e de entrar em todas as casas para pedir "um cafezinho, não uma cachaça", e elogiou o hábito brasileiro de ter sempre algo que oferecer às visitas. "Como diz o ditado, 'sempre se pode colocar mais água no feijão'", afirmou, perante os risos da multidão.

A caminhada entre a capela e o campo de futebol levou quase três quartos de hora, uma vez que o Papa não conseguia dar mais do que alguns passos sem ser solicitado para beijar um bebé, saudar alguém de forma mais próxima ou, como chegou a acontecer, deixar-se fotografar com uma camisola de futebol.

Quando chegou ao campo de futebol, Francisco saudado por um jovem casal da Varginha, Joana e Rangler. O rapaz usou da palavra e pediu ao Papa licença para quebrar o protocolo e chamá-lo "pai". Nas palavras de Rangler, ficou mais que evidente o agradecimento da população da Varginha pela presença de Francisco.

O campo de futebol foi escolhido não só por ser um espaço amplo onde é mais fácil receber uma multidão, mas também por ser um local onde existem programas de incentivo e de ensino de valores aos jovens da favela. As questões de segurança não foram esquecidas, com as autoridades a fazer notar que num campo de futebol é possível fazer aterrar um helicóptero, se for necessário.

A segurança, aliás, tem sido uma dor de cabeça para os profissionais que acompanham o Papa, uma vez que a insistência de Francisco estar próximo das multidões deixa-o vulnerável.