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"Ninguém fica bem na fotografia quando o povo português fica pior"

09 jul, 2013 • Paula Costa Dias [com Ecclesia]

A instabilidade política que o país atravessa centrou as atenções do conselho permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, que voltou a apelar aos políticos para darem prioridade ao bem comum.

"Ninguém fica bem na fotografia quando o povo português fica pior"
Os bispos estão preocupados com a actual crise política, salientou esta terça-feira o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). "Todas as crises, todas as ondas e intempéries que surgem no mundo social e político vão criar novos pobres. Aqueles que já eram pobres ficarão pior. Ninguém fica bem na fotografia quando o povo português fica pior", criticou o padre Manuel Morujão.

Reunidos em Fátima, os bispos pedem por isso aos políticos que pensem primeiro no bem comum e que se esforcem por encontrar soluções positivas. "É preciso saber responder a estes sobressaltos com soluções positivas, o mais possível consensuais. Pensarmos, em primeiríssimo lugar, no bem comum e só depois ver o meu partido, o meu grupo social. Isso tem de ser sempre secundarizado", defendeu o porta-voz da CEP.

O sacerdote jesuíta deixou ainda votos de que "funcionem" os órgãos de soberania "eleitos democraticamente". "Que ninguém se demita de procurar essas soluções."

Elogiando os portugueses por serem "um povo realista" que tem consciência de que a situação em Portugal e na Europa "é complexa", o padre pediu ainda que por isso mesmo não se deixe "correr as coisas". "Que isto seja apenas o degrau para subirmos mais alto na qualidade do serviço a prestar", apelou.

A reunião desta terça-feira em Fátima do conselho permanente da CEP foi a primeira presidida pelo novo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. No final da reunião, o padre Manuel Morujão anunciou ainda que a Igreja vai avançar com o Observatório Social para que as instituições religiosas possam rapidamente acudir a quem mais precisa.

O projecto vai arrancar em duas dioceses: Braga e Porto. “Isto para ter informação actualizada do que existe e das necessidades experimentadas no campo da realidade social, para que a Igreja possa dar a resposta, quanto possível, capaz a essas urgências.” 

O Observatório Social da Igreja é um projecto que envolve também a Universidade Católica Portuguesa, nomeadamente os pólos de Braga e do Porto.