Debate
Novo Patriarca não vai ser "combatente político"
23 mai, 2013
Pedro Silva Pereira considera que, no momento difícil que o país vive, a mensagem de D. Manuel Clemente vai "ser particularmente escutada e ele tem condições singulares para se fazer ouvir".
O novo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, não vai ser um "combatente político", mas a sua mensagem vai ser muito escutada, acredita o antigo ministro socialista Pedro Silva Pereira.
"Ao contrário de alguns vaticínios, não espero que ele seja ou se vá transformar num combatente político, porque isso seria uma transformação surpreendente e não devemos contar com isso", afirmou Silva Pereira no programa de actualidade cristã das quartas-feiras, na Renascença.
"É natural que, no momento difícil que o país vive, a sua mensagem vá ser particularmente escutada e ele tem condições singulares para se fazer ouvir, pela sua posição na sociedade portuguesa, articulação com o mundo da cultura e com a vida social, em geral", salienta o deputado.
Pedro Silva Pereira defende que a renovação das comunidades cristãs de Lisboa é uma prioridade muito importante e espera de D. Manuel Clemente impulsione uma agenda em defesa das famílias.
"Desafio é muito grande"
A editora Zita Seara considera que "a fasquia está muito alta" e que o novo Patriarca de Lisboa tem pela frente um "desafio muito grande".
"Os crentes e não crentes esperam encontrar na Igreja respostas para esta crise em todos os domínios: na área social, da palavra, da fé, dos valores. É isso que se espera e isso é muito difícil fazer numa situação como a que estamos a viver, em que todos os dias o mundo quase que acaba", refere.
A antiga deputada reforça que D. Manuel Clemente foi "escolhido num momento particularmente difícil" da vida do país, mas é o "homem certo para o lugar certo".
Considera que o Patriarca acaba por ser o interlocutor natural da Igreja junto do poder. O bom senso de D. Manuel Clemente faz dele a pessoa indicada para estar neste lugar e neste momento, frisa.
Zita Seara espera que D. Manuel Clemente "enfrente a crise e dê esperança ao seu povo, aos católicos", que vivem um "período de crise sem esperança e de alarmismo constante".
Já Pedro Vaz Patto, considera que à Igreja não basta ter uma prática de caridade, deve também denunciar algumas opções políticas, à luz da doutrina aocial da Igreja.
A denúncia deve trazer sempre uma proposta e uma esperança. "A igreja não se pode limitar a dizer que não", deve apresentar propostas alternativas e "dizer que sim", defende o juiz Pedro Vaz Patto.