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Director-adjunto do "Público" confirma telefonemas de Relvas

22 mai, 2012

Manuel Carvalho diz que houve pressões para condicionar publicação de trabalho de investigação e ameaças de revelação de elementos da vida privada de uma jornalista.

Director-adjunto do "Público" confirma telefonemas de Relvas
O director-adjunto do jornal “Público” confirma a existência de dois telefonemas de Miguel Relvas, no sentido de condicionarem a investigação e de impedirem a posterior publicação de uma notícia sobre o caso das fugas de informação nas secretas.

“Houve pressões ilegítimas por parte do senhor ministro Miguel Relvas, que foram exercidas junto de uma editora da secção de política no sentido de influenciar ou condicionar o trabalho de investigação que estava a ser feito por uma jornalista da mesma secção”, confirmou Manuel Carvalho, segunda-feira à noite, em declarações à RTP Informação.

Segundo o directo-adjunto do "Público", o alvo das ameaças é “uma jornalista que acompanha há meses todas as relações que têm sido noticiadas entre o Governo, nomeadamente entre o ministro Miguel Relvas e o ex-chefe dos Serviços Secretos, Jorge Silva Carvalho”. “No prosseguimento dessa investigação, houve objectivamente dois telefonemas pela parte do senhor ministro”, disse Manuel Carvalho.

Nas chamadas telefónicas, Relvas terá dito “que se esse trabalho ‘pidesco’, como ele o designou, levaria a um 'blackout' de todos os ministros do Governo ao 'Público', que haveria recursos à Entidade Reguladora da Comunicação Social e aos tribunais”. 

Manuel Carvalho reconhece que é legítimo recorrer à ERC e à Justiça “sempre que [um cidadão] ache que o acompanhamento noticioso por parte de um órgão de comunicação não obedece às regras”, mas não deixa de sublinhar que “o que é absolutamente ilegítimo, por um lado, é o 'blackout' do Governo a um órgão de comunicação social como é o 'Público' e, por outro lado, a ameaça de revelação de elementos da vida privada dessa mesma jornalista”.

Sobre este caso, o Partido Socialista exige fazer audições no Parlamento, mas o PSD prefere esperar pelas conclusões da investigação da Entidade Reguladora da Comunicação Social.