Bagão Félix elogia ministros “corajosos” de um Governo “frio”
12 mar, 2013 • Rosário Silva
Antigo ministro do Trabalho e da Segurança Social compreende a situação de “desesperança” de muitos portugueses, reconhecendo que os governantes não tinham muitas outras alternativas.
O Governo tem revelado “insensibilidade humana e social” na hora de explicar aos portugueses as reformas que estão a ser feitas em Portugal. A opinião é do economista Bagão Félix que também reconhece “coragem” no cumprimento de um programa definido ainda na vigência do anterior Governo.
"Devemos criticar este Governo, que, no meu entender, tem feito também coisas más e erradas, mas, sobretudo, tem evidenciado uma grande aridez e insensibilidade humana e social. É demasiado tecnocrata e frio às vezes", disse à Renascença à margem de uma conferência na Universidade de Évora, sobre “ Que futuro para o Estado Social”, no âmbito das celebrações do dia da Escola de Ciências Sociais desta instituição.
"Mas também não devemos pensar que estas pessoas [do Governo] estão lá só para fazer o mal. Pois estão sujeitos a um programa que não foi causado ou aprovado por eles. Chegamos a uma situação de ruptura e qual a alternativa? Era termos cessado pagamentos em 2011, o que significava entrarmos em bancarrota e as consequências eram muito mais dramáticas das que são hoje", reconhece o ex-ministro do Trabalho e da Segurança Social.
“Tenho de focar a coragem das pessoas que estão nos ministérios, porque ser ministro hoje, em particular das Finanças, é um acto de coragem, porque é muito difícil, visto terem poucos meios ao seu alcance para resolver os problemas", sublinhou o economista, lembrando que vivemos num regime de protectorado: "Nós não temos soberania económica ou financeira".
Bagão Félix disse compreender a situação de “desesperança” em que se encontram muitos portugueses: um em cada cinco está desempregado, o que é um estigma enorme e também afecta a dignidade das pessoas. Por isso considera que, nesta altura, a promoção do emprego é fundamental.