22 mar, 2012
A manifestação da Plataforma 15 de Outubro decorreu com incidentes e obrigou à intervenção da polícia. Dos três feridos, dois são jornalistas que estavam a trabalhar.
Patrícia Melo, fotojornalista da France Presse, e José Sena Goulão, da agência Lusa, foram agredidos pela PSP quando cobriam o protesto na zona do Chiado, em Lisboa.
A intervenção policial levou a um comunicado da direcção de informação da Lusa, que protesta "com a maior veemência" contra "a agressão", por agentes da PSP, do fotógrafo da agência José Sena Goulão, durante uma manifestação em Lisboa.
O protesto foi formalizado, por carta, enviada ao director nacional da PSP, superintendente Paulo Valente Gomes.
"O comportamento das forças da PSP ao agredirem um jornalista em pleno exercício das suas funções constitui a prática de um crime e uma grave violação dos mais elementares direitos de personalidade do lesado, sem prejuízo da simultânea violação do Estatuto do Jornalista, razão pela qual a Lusa e o jornalista agredido se reservam o direito de recorrerem a todos os meios ao seu dispor para obterem a necessária e devida reparação pelos actos ilícitos cometidos", lê-se no texto assinado pela Direcção de Informação da Lusa.
José Sena Goulão, "devidamente identificado como jornalista, estava a acompanhar uma manifestação" organizada pela Plataforma 15 de Outubro, no âmbito da greve geral convocada pela CGTP, refere a direcção da Lusa.
"Impedido de exercer o legítimo direito de Informação foi agredido, à bastonada por agentes da PSP", segundo a carta da Lusa.
Já caído no chão, "e não obstante gritar aos agressores a sua condição de jornalista, continuou a ser brutalizado pelos mesmos agentes", descreve ainda a carta de protesto enviado à PSP.
José Sena Goulão foi assistido no local pelo INEM e, posteriormente, conduzido numa ambulância ao hospital de S. José.
O terceiro ferido da tarde é um agente policial.
PSP: "Qualquer manifestante pode dizer que é jornalista"
Já a PSP diz que a manifestação atingiu "um nível de hostilidade muito elevada" e foi nesse contexto que os agentes do Corpo de Intervenção acabaram por agredir os fotojornalistas, sendo que o repórter da Agência Lusa identificou-se como tal.
"Mesmo que dissesse que é jornalista, qualquer manifestante que acabou de arremessar uma chávena ou uma cadeira contra a PSP pode dizer que é jornalista. Quando à necessidade de repor a ordem, em que o Corpo de Intervenção tem de intervir, é porque a situação já atingiu um nível de hostilidade muito elevado", refere Carla Duarte, porta-voz da PSP.