12 mar, 2012 • Domingos Pinto
Na Madeira, há famílias a passar fome, idosos cada vez mais abandonados à sua solidão e famílias inteiras no desemprego, alerta o padre José Luís Rodrigues, em declarações à Renascença.
O pároco de São Roque e São José, uma das paróquias mais pobres do Funchal, teme um agravamento da situação com as novas medidas de austeridade, como aumento do IVA nos bens de primeira necessidade.
A resposta à crise "terá de passar por medidas de apoio as famílias", defende. O orçamento regional "tem de olhar para a situação dos mais pobres", em vez de "gastos com festas como aconteceu no passado", apela o padre José Luís Rodrigues.
“Tendo em conta que temos uma população com cerca de 20 mil desempregados, o orçamento regional devia ter medidas bem concretas de apoio às famílias. Depois, deveria também reduzir em tudo o que são actividades lúdicas, tipo festas e ramboiadas, que até agora os orçamentos regionais privilegiavam - acabar com tudo isso, ainda mais para dar o exemplo, e gastar o dinheiro naquilo que é estritamente necessário.”
Para este sacerdote madeirense, o Governo de Alberto João Jardim não tem autoridade para aplicar este orçamento.
“Como é que pode ter agora o desplante de pedir sacrifícios e apresentar-se como o salvador da pátria? Primeiro, não têm autoridade, porque sempre nadaram em dinheiro, esbanjaram tudo quanto puderam, levaram isto tudo ao descalabro de dívidas”, acusa o padre José Luís Rodrigues.
O sacerdote diz que o povo está “muito descontente” e “desencantado com estes políticos que nos enganaram profundamente”.
“Há uma certa traição. As pessoas sentem-se traídas por gente que se apresentava com a melhor das morais, mas, afinal, não passava disso”, conclui o pároco de São Roque e São José, no Funchal, uma das paróquias mais pobres da Madeira.