O vice-presidente da bancada socialista Vieira da Silva, membro de governos liderados pelo ex-primeiro-ministro José Sócrates, disse esta segunda-feira, à chegada ao Parlamento, sentir "dor" pela situação vivida pelo antigo líder do PS.
"Sobre a posição do PS, já tudo foi dito pelo secretário-geral eleito pelo PS e nada tenho a acrescentar. Vejo com dor. Trabalhei vários anos com José Sócrates e a imagem que tive e tenho dele não é a que tem sido divulgada nos últimos dias. Habituei-me a ver uma pessoa que lutava até às suas últimas forças pela ideia e visão que tinha e queria do seu país", afirmou Vieira da Silva, ministro do Trabalho e Solidariedade Social e, depois, da Economia, Inovação e Desenvolvimento nos dois governos de Sócrates.
Para Vieira da Silva, "estas questões são dolorosas", desejando que, "tão rápido quanto a justiça o permita", Sócrates "possa ser ouvido, defender-se das suspeitas também perante a opinião pública, dada a dimensão mediática deste caso".
"O PS é um partido com uma história, uma tradição, uma memória, um passado, um presente e um futuro. O futuro do PS tem agora António Costa à frente e está bem entregue", acrescentou o deputado socialista.
"Consternado"
Jorge Lacão, ministro dos Assuntos Parlamentares no segundo executivo de Sócrates, defendeu que o antigo primeiro-ministro é um "cidadão" e "deve ser tratado pela justiça como qualquer outro".
"Como qualquer pessoa amiga de José Sócrates, estou consternado com a situação", sublinhou. "A responsabilidade do PS, como sublinhou António Costa, é concentrar-se naquilo que é importante para o destino do país, a acção política".
António Costa manifestou solidariedade para com José Sócrates, após ser eleito secretário-geral, no fim-de-semana, e não quis comentar a actuação das autoridades judiciais, adiantando que "o PS existe há 41 anos, e existirá por muitos mais anos, com uma agenda própria que transcende a agenda mediática do dia de hoje: é a agenda de construção de uma alternativa política para o país".
O ex-primeiro-ministro volta esta segunda-feira ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, para ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre.
José Sócrates foi detido na sexta-feira à noite (dia 21), quando chegava ao aeroporto de Lisboa proveniente de Paris, no âmbito de um processo de suspeitas de crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. É a primeira vez na história da democracia portuguesa que um ex-primeiro-ministro é detido para interrogatório judicial.
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