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Aviões russos e riscos para aviação civil. Piloto português explica como se interceptam aviões

30 out, 2014

João Roque Santos não acredita que aviação civil tenha estado em perigo após o avanço, sem aviso, de aparelhos russos, mas confirma que “estavam a fazer algo ilegal”.

Aviões russos e riscos para aviação civil. Piloto português explica como se interceptam aviões

Aviões russos foram interceptados por caças portugueses. João Roque Santos, piloto de linha aérea, explica, na Renascença, de que forma se processam as operações de intercepção de aviões por caças militares.

“Temos de ter contacto visual com os mesmos, apresentam-se em frente e lateralmente ao cockpit do avião interceptado, dão um conjunto de indicações para se contactar com uma frequência internacional de emergência e posteriormente poderemos segui-los via rádio ou através de um conjunto de indicações visuais”, refere o comandante.

“Somos obrigados a seguir as aeronaves até deixarem o espaço aéreo ou até algum local especifico e aterrarem numa unidade aérea. Há um conjunto de procedimentos já definidos que temos que cumprir”, acrescenta João Roque Santos.

A NATO diz que os aparelhos não terão apresentado os planos de voo e que isso representa um risco potencial para a aviação civil. No entanto, para João Roque Santos é pouco provável que tal tenha acontecido.

“Há a possibilidade de eles serem sempre detectados, a menos que venham a utilizar as contra-medidas electrónicas também, ma,s pelo histórico das missões do tempo da ex-União Soviética, não colocaram em risco o tráfego comercial”, afirma Roque Santos.

“É possível navegar nesse espaço aéreo sem se submeter num plano de voo e em determinadas missões militares. Agora, estavam a fazer algo ilegal. Sendo acompanhados como foram foi salvaguardada a segurança do tráfego aéreo civil”, acrescenta o comandante.

O comandante de linha aérea lembra que Portugal tem a responsabilidade de gerir determinado espaço aéreo: uma parte controlada a partir de território continental e outro a partir de Santa Maria, nos Açores. É um espaço que vai muito para oeste do arquipélago dos Açores entre o arquipélago e a costa do continente norte-americano”.

Mas que aviões russos foram estes que levantaram esta polémica em três países da NATO? João Roque Santos explica. “Os Tupolev 95 são aviões de fabrico ainda da era soviética, mas estes aviões terão sido modernizados e ainda actuam. Chegaram a ser os turbo-hélices mais rápidos do mundo e têm grande capacidade electrónica além de um alcance muito vasto”.

Não há razões para alarmismos
Já o Almirante Reis Rodrigues considera que esta presença contínua de aviões militares russos no espaço aéreo europeu representa um esforço de Moscovo para mostrar que recuperou o seu poderio militar. O vice-presidente da Comissão Portuguesa do Atlântico lembra que esta era uma estratégia habitual durante a guerra fria, mas que perdeu força com o fim da União Soviética.

Nestas declarações à Renascença, Reis Rodrigues diz não encontrar razões para alarmismos. O Almirante sustenta que cabe à NATO demonstrar que o sistema de vigilância está a funcionar.

“Não vejo qualquer justificação para alarmes. Faz todo o sentido a NATO mostrar que está a par do que se está a passar, que está a controlar a situação, mas isso faz parte de um jogo politico-diplomático até mais do que militar”, acrescentou.

O Estado-Maior General das Forças Armadas confirma que foram detectadas duas aeronaves não identificadas no espaço aéreo português.