Ricciardi. “O que se passou no BES foi um verdadeiro terramoto”
05 out, 2014 • João Carlos Malta
Membro da família Espirito Santo falou do processo que levou a dissolução do BES e sobre a futura venda do Novo Banco. Só as questões sobre Ricardo Salgado e os submarinos ficaram por responder.
José Maria Ricciardi, membro da família Espirito Santo, falou pela primeira vez do escândalo que levou ao colapsar do BES, liderado pelo primo Ricardo Salgado. O presidente do BESI, instituição agora participada pelo Novo Banco, catalogou o processo de "terramoto".
“Não vou negar que o que se passou [no BES] foi um verdadeiro terramoto. Agora temos de olhar para a frente. Foi constituído o Novo Banco, que agora tem uma equipa que parece muito profissional e muito experiente nesta área. Penso que tudo se irá resolver da melhor maneira”, começou por dizer Ricciardi à margem do Fórum Empresarial do Algarve que terminou este domingo em Vilamoura.
Nem Salgados, nem submarinos
Quando questionado sobre se durante este período desde que o Grupo Espirito Santo se desmembrou manteve contactos com Ricardo Salgado, a resposta foi pronta. Em tom jurídico-legal. “Sobre esse assunto, como vocês sabem são problemas sérios e graves. Nunca deixei de responder as vossas perguntas, mas nesta altura toda essa matéria está a ser alvo de inquéritos, auditorias e avaliações por diferentes instâncias. Não era sensato estar a pronunciar-me sobre esse assunto”, explicou.
Outra pergunta. Como reage ao caso dos submarinos e o alegado pagamento à família Espirito Santo de cinco milhões de euros? A resposta é “copy-paste” da anterior.
Mas o presidente da BESI promete que, se neste momento não fala, a conversa estará só adiada. Até porque mostrou disponibilidade para ir à futura comissão parlamentar sobre o caso BES, pedida pelo PCP. “É uma obrigação de qualquer cidadão esclarecer os senhores deputados. Se entenderem que o meu testemunho é importante, irei”, respondeu.
Vender até meados do próximo ano
Já sobre se a venda do Novo Banco, e se será rápida ou demorada, o banqueiro disse acreditar que “até meados do ano que vem há condições para vender”. Quanto à instituição que lidera o BESI explicou que pode ser vendida ou em conjunto com o Novo Banco ou separadamente.
“Os dois cenários estão em cima da mesa”, confidenciou. Ainda recentemente surgiram notícias que davam conta de que o BESI estava na mira de investidores internacionais.
“Nunca escondi a relação que sempre tive com o primeiro-ministro”
Este foi o segundo dia em que este membro da família Espírito Santo reapareceu em público. No sábado, também no Fórum Empresarial do Algarve, jantou com o primeiro-ministro Passos Coelho à mesma mesa. “Nunca tive problemas nenhuns com o primeiro-ministro e até acho estranho que achassem que a relação não fosse boa. Nunca escondi a relação que sempre tive com o primeiro-ministro”, sublinha.
Quanto ao futuro da instituição, diz que o momento é de “olhar para a frente”. “Não podemos olhar para trás, e vamos esperar que este grupo resolva o problema com o seu investidor”, rematou José Maria Ricciardi acrescentando que pensa que os “maiores perigos já foram ultrapassados”.