Siga-nos no Whatsapp

Conheça o “manifesto” de Pedro Santana Lopes

22 mar, 2014 • José Pedro Frazão

Em maré de manifestos, o antigo primeiro-ministro ironiza com a necessidade de uma mudança nas notações das agências de “rating”. No programa “Fora da Caixa”, as instituições que avaliam o risco de dívida também não escapam às críticas de António Vitorino.

Conheça o “manifesto” de Pedro Santana Lopes
Em maré de manifestos, o ex-Primeiro-ministro ironiza com a necessidade de uma mudança nas notações das agências de rating. As instituições que avaliam o risco de divida também não escapam às críticas de António Vitorino no programa “Fora da Caixa”.
Reestruturação é a palavra do momento. Mas pode ser alargada a outras matérias para além da dívida pública, admite o social-democrata Santana Lopes, com uma pitada de ironia, no programa da Renascença “Fora da Caixa”.

“Talvez faça aqui um manifesto, a título individual, para as reestruturações das notações das agências de ‘rating’”, anuncia o comentador do programa “Fora da Caixa”.

Pedro Santana Lopes chama a atenção para os efeitos negativos das notações que, na sua opinião, prejudicam as economias. “Uma revisão em alta é um alento”, defende, aproveitando para secundar o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, sobre os méritos do acordo sobre o mecanismo único de resolução bancária.

“Estas decisões são um contributo importante para estabilizar os mercados”, acrescenta o ex-líder do PSD, que ressalva a necessidade de uma confirmação definitiva do Parlamento Europeu.

Os “investidores conscientes” têm que se desligar da “tirania das agências de ‘rating’”, na expressão de António Vitorino. O antigo comissário europeu lembra que aquelas agências falharam completamente na antevisão da crise financeira de 2008.

“Há histórias de antologia”, recorda Vitorino que, a título de exemplo, traz ao debate a credibilidade que era conferida ao banco britânico Northern Rock, depois nacionalizado após grave problema de liquidez.

Do oito ao oitenta
No “Fora da Caixa”, António Vitorino desenvolve a tese de que as agências “apanharam um susto enorme com a dimensão da crise e com o facto de estarem completamente ao lado das questões centrais”.

Por isso, diz o antigo ministro socialista, as agências sofrem agora de excesso de zelo em sentido contrário. “Deixaram de arriscar por completo, são muito mais severas e punitivas no julgamento. Mesmo quando a economia ou as empresas já dão sinais de estarem numa via de recuperação e podem beneficiar de alguma benevolência no ‘rating’, mostram-se receosas para alterar a notação, porque estão 'escaldadas' com as asneiras que se fizeram no antecedente”, sublinha.

Para quando uma alteração significativa do “rating” de Portugal? O processo será lento, responde Vitorino.

“Quando se cai, o processo de subida é muito lento. A minha expectativa é que os investidores comecem a perceber que eles também têm a responsabilidades de analisar os fundamentos da economia, para se libertarem mais da tirania das agências de ‘rating’”, remata.

programa "Fora da Caixa" vai para o ar na “Edição da Noite” de sexta-feira, na Renascença, numa parceria com a rede de rádios Euranet.