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Administrador do S. João defende “extinção imediata da ADSE”

31 out, 2012 • Raquel Abecasis

Em entrevista à Renascença, António Ferreira considera também que o Estado não deve respeitar as patentes, no caso de medicamentos com preços exorbitantes por serem exclusivos de uma farmacêutica.

Administrador do S. João defende “extinção imediata da ADSE”
A ADSE, o subsistema de saúde da função pública, devia acabar de imediato, defende o presidente do conselho de administração do Hospital de S. João, no Porto, em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença. De acordo com António Ferreira, isto permitiria poupar mil milhões de euros por ano em despesas na Saúde. António Ferreira considera também que o Estado não deve respeitar as patentes, no caso de medicamentos com preços exorbitantes por serem exclusivos de uma farmacêutica.

A ADSE, o subsistema de saúde da função pública, devia acabar de imediato, defende o presidente do conselho de administração do Hospital de S. João, no Porto, em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença.

De acordo com o Professor António Ferreira, a extinção da ADSE permitiria poupar mil milhões de euros por ano em despesas na Saúde.

“Pelas minhas contas, posso estar errado, qualquer coisa como mil milhões de euros é o que corresponde à despesa da ADSE, directa e indirecta. Não estou a falar só da despesa directa da ADSE, estou a falar também de tudo a que as outras instituições públicas pagam aos beneficiários da ADSE e que a ADSE não paga. O meu conselho seria o da extinção imediata da ADSE.”

O subsistema de saúde da função pública, argumenta, “não é Serviço Nacional de Saúde” e presta um serviço “extraordinariamente superior” ao que as pessoas pagam.

"Medicamentos de interesse público"
Numa altura em que se discutem cortes na despesa pública, o administrador do Hospital de S. João defende que, no caso de medicamentos com preços exorbitantes por serem exclusivos de uma farmacêutica, o Estado não deve respeitar as patentes.

“Há aqui outra questão, que é nós sabermos se é legítimo a uma companhia farmacêutica, porque tem um exclusivo, vender os medicamentos a este preço e isso tem a ver com outra acção que tem a ver com o relacionamento ético, que é saber se o Estado não tem o direito, na defesa dos seus cidadãos, de declarar estes medicamentos de interesse público, não respeitar as patentes e mandar fabricá-los em laboratórios nacionais. É isso que eu defendo, não tenho dúvida absolutamente nenhuma”, argumenta.

Nesta entrevista à Renascença, António Ferreira sustenta que para manter o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é essencial avançar com a reforma hospitalar e “encerrar hospitais, fechar urgências, concentrar maternidades”. 

O administrador do Hospital de S. João considera, por outro lado, que o Estado não pode continuar a gastar cerca de 100 milhões de euros por ano a formar especialistas em Medicina que depois vão para o privado, sem que o privado pague nada por isso.