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Papa Bento XVI

Um colaborador da verdade

11 fev, 2013 • Aura Miguel

Uma pessoa dedicada à Igreja. Um intelectual incontornável no mundo académico e cultural. Retrato da vida do Papa, que anunciou esta segunda-feira a resignação.

Nasceu numa pequena aldeia da Baviera, Marktl am Inn, no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi baptizado no mesmo dia. O seu pai era comissário da polícia por isso, passou a sua infância e adolescência em Traunstein, perto da fronteira com a Áustria e foi neste ambiente, por ele próprio definido “mozartiano”, que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.

O período da juventude não foi fácil. Naqueles tempos, o regime nazi mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica… precisamente quando o jovem Joseph descobria a sua vocação. Nos últimos meses da II Guerra Mundial, foi obrigado a integrar os serviços anti-aéreos nazis. No final da guerra, voltou para o Seminário e foi ordenado padre em 29 de Junho de 1951.

Um ano depois, começou a ensinar na Escola Superior de Freising. Em 1953, doutorou-se em teologia com uma tese sobre Santo Agostinho. Foi professor de teologia em várias faculdades e, em 1969, passou a catedrático na Universidade de Ratisbona, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor.

Foi perito no Concílio Vaticano II. Em 1977, Paulo VI nomeou-o Arcebispo de Munique e Freising. O lema que então escolheu para bispo, acompanhá-lo-ia depois, como Papa: “Colaborador da verdade”. E escolheu este lema, segundo explicou, “porque no mundo actual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona quando falta a verdade”.

Foi feito Cardeal em 27 de Julho de 1977 e, em 1981, João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional. Foi também responsável pelo novo Catecismo da Igreja Católica. Publicou dezenas de livros, ensaios e meditações que se tornaram uma referência incontornável no mundo académico e cultural.

Eleito Papa no Conclave de 2005, escolheu o nome de Bento XVI, por admirar os esforços de paz de Bento XV e ter como referência São Bento, pai do monaquismo e padroeiro da Europa.