Acordo entre Bruxelas e Kiev é sobretudo simbólico
21 mar, 2014 • Daniel Rosário, em Bruxelas
No ar fica novamente a ameaça de sanções comerciais à Rússia, mas apenas no caso de se registar uma nova escalada no terreno.
A União Europeia e Ucrânia assinaram esta sexta-feira um Acordo de Associação, precisamente o mesmo documento cuja rejeição pelo anterior presidente ucraniano levou aos protestos que acabariam por ditar a sua queda.
No entanto, as duas partes rubricaram apenas a componente política do acordo, deixando para mais tarde a parte económica e comercial, dando ao acto celebrado em Bruxelas um carácter sobretudo simbólico.
A escolha deve-se ao facto de os europeus quererem dar um sinal de esperança à Ucrânia sem no entanto hostilizar mais a Rússia e sem dar demasiado peso aos actuais governantes de Kiev, onde a situação continua evoluir.
Se alguns países da União, nomeadamente da Europa de Leste, entendem que este acordo é um primeiro passo para a integração da Ucrânia na União, outros são bem mais terra-a-terra. Como Passos Coelho, que falou sobretudo na necessidade de manter vivo o sonho europeu da Ucrânia: “O futuro a Deus pertence. Todos temos consciência de que existe na Ucrânia uma legítima expectativa de que um dia se poderá juntar à União Europeia e não creio que na União Europeia haja quem queira matar esse sonho dos ucranianos, se eles o quiserem concretizar”.
No Conselho Europeu à margem do qual assinaram o acordo com a Ucrânia, os líderes dos 28 reforçaram ainda as sanções contra Moscovo, alargando a lista de indivíduos proibidos de entrar na União Europeia e cancelando a próxima Cimeira Europa/Rússia agendada para Junho.
No ar fica novamente a ameaça de sanções comerciais, mas apenas no caso de se registar uma nova escalada no terreno, como por exemplo uma intervenção militar russa no território continental da Ucrânia.
São medidas que têm sobretudo como objectivo reforçar a condenação política que a Europa faz da actuação russa na Ucrânia, sem no entanto fechar as vias de diálogo para tentar resolver a situação de forma pacífica.