02 nov, 2012
O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, defendeu esta sexta-feira a salvaguarda do Estado social, afirmando tratar-se de "uma temática em que ninguém pode ficar de fora".
"Sabemos que o debate político e partidário muitas vezes vive mais de divisões do que de aproximações, mas aqui é que se mostra a grandeza das pessoas e a sua capacidade de perceber o conjunto e andar para a frente conjuntamente naquilo que é essencial e que não pode ser resolvido particularmente", afirmou Manuel Clemente aos jornalistas, depois de celebrar a eucaristia da comemoração do dia de Todos os Fiéis Defuntos, no cemitério do Prado do Repouso.
Para o bispo do Porto, "as pessoas estão a contar" com a viabilidade do Estado social e "é uma enorme pena se houver algum tipo de recuo, sobretudo para as pessoas que estão mais fragilizadas e com menos possibilidades próprias e particulares".
Para D. Manuel Clemente, há "um conjunto de dados novos" nesta temática, que "requer muita reflexão e muita ponderação" de todos para que seja possível "garantir ao menos o essencial daquilo que se conseguiu".
O bispo admitiu que até os que "estão mais diretamente implicados na governação e na legislação" estejam "perplexos perante coisas que já não se põem só, nem predominantemente, a nível nacional".
"O futuro não existe. Somos nós que o criamos e precisamos de ser todos e essa ideia que muitas vezes tinha de que cada um vai organizando a sua vida e depois há governantes que então resolvem o todo, isso não funciona assim, porque os próprios governantes, seja cá ou seja no estrangeiro, também já não veem um palmo à frente do nariz", sublinhou.
O bispo do Porto afirmou estar "certo" de que os portugueses "são capazes de reflectir aprofundadamente sobre estas temáticas", mas desde que as questões sejam expostas e que seja dada "informação suficiente".
"Desde que haja franqueza, que a solidariedade venha sempre ao de cima, que toda a gente confie e que dê provas de credibilidade, creio que podemos avançar", disse.
O bispo entende que, "nestes dias em que vivemos, em que não sabemos muito bem como vai ser o nosso futuro", é fundamental "ter uma esperança activa, que se concretiza em pequenos gestos e pequenos compromissos". "E à medida que esses gestos se vão multiplicando e que essas boas vontades se vão concertando, nós criamos futuro", sustentou.